sábado, 30 de julho de 2011

CLUBE FÊNIX ALAGOANA por Carlito

A bela praia da Avenida da Paz foi palco dos maiores eventos, manifestações e carnavais das Alagoas. Nos anos 60 / 70 era a praia mais curtida pela população e a praia mais democrática. Freqüentada por todo tipo de gente de todos os bairros, de todos os locais da cidade. Os barões juntavam-se aos peões no futebol praieiro ou dividindo pedaços da areia. O povo do Vergel do Lago, Ponta Grossa e Trapiche da Barra tomava banho de sol e mar junto à burguesia.

Os ricos só deixaram de freqüentar a praia da Avenida quando o Riacho Salgadinho ficou poluído, desaguando naquela bela praia seus dejetos, sua água apodrecida. Os pobres continuam freqüentando a Avenida, mesmo poluída, pois não têm direito sequer a um lazer sadio.

Clube Fênix Alagoana, cenário de muitas histórias de nossa juventude, é um dos prédios que se destacam na Avenida da Paz. Palco de carnavais, animadas festas, arrebatados amores, e muitos porres homéricos de uma mocidade feliz.

Nos anos 30, Napoleão Goulart, inaugurou a sede da Fênix na Avenida. Minha mãe gostava de contar as festas elegantes que havia, principalmente o aniversário da Fênix e o Reveillon. Lembro, ainda menino, seis ou sete anos, de minha alegria em vestir uma fantasia de pierrô para ir ao baile infantil, com lança-perfume Rodhouro na mão, jogando o jato perfumado nas pessoas e nos olhos dos meninos inimigos. Certa hora se dava verdadeira batalha de lança no ar.

Durante toda minha vida freqüentei a Fênix. Certamente a melhor época; a época ainda gravada no coração e na mente foi o final dos anos 60. Eu havia chegado a Maceió, capitão do Exército, solteiro. Com Guilherme Palmeira, Eduardo Uchoa, Galba Acioly e Marden Bentes, formamos um quinteto para ninguém botar defeito em termos de boemia. Freqüentamos todos os tipos de festas, bailes, biroscas, bares, puteiros e boates de Maceió. Aonde chegávamos a festa estava feita. A Fênix era nosso escritório, local de encontro. Fazíamos parte do clube como os móveis e utensílios. Era o clube mais organizado, mais bem freqüentado das Alagoas, graças a seu presidente, um homem de visão, advogado, nascido nas melhores famílias alagoanos, desportista e amigo dos sócios: Ardel Jucá.

Foi a época de ouro. Muita diversão e esporte. Nos fins de semana era ponto obrigatório. Iniciava na sexta-feira com música ao vivo na beira da piscina. No sábado havia festas com cantores famosos artistas em evidências. Conheci muitos deles – Miltinho, Simonal, Elizeth, Jair Rodrigues, entre outros- tomando uísque com Ardel, Geraldo Patury, Benedito Bentes e Zé Elias. No domingo o imperdível SAMBRASA, conjunto do Paulo Sá, tocava e cantava as mais belas e novas músicas do cancioneiro brasileiro. Nessas domingueiras se juntava o que havia de melhor em papo nas redondezas: Altamir da Costa Barros, Napoleão Moreira, Cyro Acioly, entre outros.

As meninas logo aderiram à revolucionária moda das tangas. Ferviam nossas veias quando tiravam o short para cair na piscina, mostrando seus corpos dourados, bronzeados, sensuais. Coxas bonitas, maravilhosas, apetitosas.

Havia muitas histórias, sem fundamento, que rolavam em Maceió sobre os freqüentadores da Fênix. Isso é natural em todos os clubes fechados que existem no mundo.

Só entrava na sede do clube com a carteirinha de sócio e senha do mês. No carnaval, com festas durante o dia e noite, havia o “maiador”, aquele não sócio que pulava o muro.

Lelé meu irmão, morava fora de Maceió, embora sócio, não tinha carteira, e certo dia quis entrar na Fênix junto com seu amigo Marden Melé. Identificou-se dizendo que era filho do General Mário Lima, coisa e tal, o porteiro deixou entrar, e perguntou para o Melé de quem ele era filho. Melé ficou parado pensando. Até que de repente conseguiu respondeu ligeiro com sua gagueira hilariante: “Sou fi-fi-filho... sou fi-fi-filho... do... do... do pai dele”.

O porteiro deu uma gargalhada. Deixou os dois entrarem.

Certa vez houve um escândalo: um sócio ia para Fênix tarar aquelas maravilhosas meninas tomando banho de sol com seus biquínis cavados. A exposição daqueles corpos era um espetáculo, um incentivo à libido. Em certo momento ele não agüentou, mergulhou na piscina com péssimas intenções.

Foi flagrado por um diretor que estava na sacada do salão nobre com uma visão total sobre a piscina. Percebeu pelos movimentos frenéticos, que o moço estava se masturbando. Não houve jeitinho, meu amigo foi expulso da Fênix.

Esse tipo de acontecimento é fato pontual. Na Fênix os sócios sentiam-se em família. Havia um ambiente respeitoso e fraterno. Era onde se juntava a fina flor, a elite alagoana. Na Fênix se conheceram, se namoraram muitos casais, hoje bondosos, alegres avós.

Os Clubes estão de novo em alta no Brasil devido a problema de segurança. A nova diretoria da Fênix está tentando soerguer o clube centenário. Não é à-toa que o Clube tem esse nome. Na mitologia grega, Fênix, era um enorme pássaro guerreiro que quando morria, renascia de suas próprias cinzas.

Um comentário:

suzana disse...

É gostoso de ler sobre o clube fênix,tantas pessoas tenhe historia boas para contar.estou frequentando o restaurante do clube O Candelabro qur me faz lembrar dos meus pais foi no clube onde eles se conheceram.espero encontrar voçês lá.suzana