sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mario Lima, o Pacificador por Guilherme Palmeira

Mário Lima, o Pacificador
GUILHERME PALMEIRA *
Alagoas tem fundadas e reconhecidas razões para se orgulhar dos militares que, em diferentes momentos de nossa História, granjearam o merecido reconhecimento, a admiração e apreço de todo o País. A invocação dos nomes de Deodoro e Floriano são inevitáveis exemplos de bravura colocada a serviço da Pátria e, muito especialmente, da República que o primeiro fundou e o segundo consolidou. Ambos serviram na Guerra do Paraguai e voltaram à caserna com seus nomes inscritos no rol dos heróis brasileiros ao lado do liberal Osório e do conservador Caxias que, por tantos e tão amplos serviços, mereceu o justo e merecido de epíteto de o “Pacificador”.
Não lhe tiramos a glória do nome honrado e da legenda que legou à posteridade, invocando o epíteto que se apegou a seu nome, para coroar com a mesma qualificação o alagoano Mário de Carvalho Lima, que o afeto, a admiração, e a devoção da legião dos amigos que granjeou em vida, conheceram simplesmente como o General Mário Lima. A farda da carreira militar que escolheu, não escondeu a figura do homem cordial, do conciliador, do cidadão compreensivo e tolerante com as virtudes e as fraquezas humanas. E menos ainda, tingiu de amargura o coração sempre aberto às angústias que em todos os momentos de sua vida reta e inflexível, tantos dele se socorriam e a ele recorriam, nos momentos de insegurança e incerteza. O que mais ressalta de sua personalidade, porém, é a circunstância de ter aliado à sua vida profissional de militar, as qualidades de cidadão.
Com a mesma firmeza com que enfrentou os desafios da caserna e de comandante que atingiu os mais altos postos de uma carreira de constantes desafios, soube dedicar-se à vida comunitária de seu Estado a que serviu com dedicação, firmeza e devoção, nos cargos que ocupou na vida civil, ao lado da família exemplar que soube proteger dos embates que enfrentou e dos desafios que venceu. Deixou o testemunho de alguns dos momentos mais difíceis de sua militância cívica, em dois livros ilustrativos dos momentos candentes que viveu. O primeiro, ainda jovem, na frente de combate do que se convencionou chamar de “a guerra paulista”, e o segundo com o depoimento de um dos momentos mais difíceis da vida pública de nosso Estado, que lhe valeu o ingresso no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.
De que tessitura essa feito esse homem? – hão de nos perguntar. Dificilmente saberíamos explicar. Talvez por conhecer tão profundamente a condição humana, jamais cedeu a tentações das glórias transitórias. Recusou ofertas, renunciou quando necessário a cargos que outros, nas mesmas condições, jamais recusariam.
(*) É ministro do Tribunal de Contas da União.