quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

MERGULHANDO EM GUAXUMA por Lelé





Saudade de um mergulho. Terapia prá mim. Tempão que as águas do mar de nossa região de GUAXUMA estão turvas. A maré não limpava. Ontem na minha caminhada rotineira para Garça Torta, praia vizinha, percebi que Iemanjá nos ajudou, a água estava límpida como piscina. Hoje na minha caminhada levei meus apetrechos de mergulho. Não deu outra. Foi mergulho de mais de duas horas. Beleza. Peixinhos, lagostim, búzios,... a natureza é bela, cheia de esplendor. Fui presenteado por Janaína com um avalanche de cavalos marinhos. Muito tempo que não via um. Cavalgavam de costas entre as brechas dos arrecifes levados pela pequena correnteza. Espetáculo digno de filme de Cousteau. Saravá. Valeu as flores prá ela em 8 de dezembro. Nada como estar de bem com a natureza. Claro que quando cheguei em casa em GUAXUMA, a primeira coisa que fiz, para amenizar a emoção, foi tomar uma caninha das boas acompanhada com caju. Ninguém é de ferro. Sorry, periferia: “Ó MINHA GENTE, DINHEIRO SÓ DE PAPÉ, CARINHO SÓ DE MULÉ, CAPITÁ SÓ MACEIÓ”...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

MEUS MARAVILHOSOS COMPADRES por Cuca



No decorrer de meus bem vividos anos, tive o privilégio de conviver com COMPADRES, em sua grande maioria já em outro astral, que deram a minha existência, elementos vitais, para conjugar o ser que hoje sou. Desse modo, venho através desses magros escritos, prestar uma homenagem singela à esses entes tão importantes.

Inicio minhas lembranças, com o COMPADRE ALOISIO PINHEIRO, ele era um simples pescador da cidade do Pilar; conheci-o quando tinha quinze anos, isto é, em 1960, tendo nossa amizade se prolongado até seu falecimento em junho de 2003.

De inicio, nos víamos todos os sábados, quando íamos caçar nos alagados do Lamas, Engenho Novo, Engenho Velho e cercanias. Sempre levava um ou vários companheiros, que ao final das caçadas, tomávamos aquela cervejinha, ao tempo que comentávamos os acontecimentos da caçada e tomávamos banho na bica do Grajaú; daí voltávamos para Maceió.

A seguir, começamos a conviver mais, conhecendo sua família, passando a congregar outros pescadores quando adquirimos uma canoa e redes, começamos também a realizar pescarias; fizemos uma equipe com outros pescadores, BIU PRETO, OSCAR, VAN, QUANDÚ, ZE PEQUENO, VELHO ARTHUR, EUFRAZIO e VAL dentre outros. Fizemos pescarias em praticamente todo o Estado, algumas memoráveis, como nas sete lagoas de Jequiá da Praia e Coruripe; ocasião em que tivemos que alugar uma casa em Jequiá para o pessoal, redes, freezers etc. Meu intuito era divertimento e um peixinho fresco, do pessoal era profissional, pois o pescado era vendido para pagamento das despesas, distribuído entre eles e minha parte para a compra e manutenção das redes, que chegamos a ter mais de quinhentos metros. Quando a pescaria não pagava as despesas, eu completava, tudo sob a coordenação e liderança do COMPADRE ALOISIO.

Na citada pescaria, descobrimos um filão na lagoa do Taboleiro, onde capturamos mais de uma tonelada; foi uma alegria geral. No Jequiá e Poxim, os peixes mais comuns eram camurins, carapebas, carás, agulhas, peixes Rei etc etc. Mas nossa base eram as lagoas Manguaba e Mundaú, onde fazíamos caiçaras, batidas a noite, corte das margens, cerco de troncos, arrastão dentre outros meios.

Nas lagoas, os peixes mais comuns eram xiras, jundiás, trairas, piaus, bagres, camurins e carapebas. Pegávamos sempre mais de dois sacos de pescado, iniciávamos ao raiar do dia até as duas horas da tarde; além das redes, usávamos um reducho de uns 30 metros.

Após a distribuição, minha comadre Elvira escolhia alguns peixes para preparar um tira gosto supimpa, levávamos para o banho e depois voltávamos para casa.Tempo bom.
Da turma da avenida os que sempre participavam era Emilio, Fael e Lelé; também o compadre Gabriel Miranda, Luiz Cláudio, Vergeti,Roberto Kenneth, Roberto Olindino e Otto esses últimos do TC, onde trabalhava.

Meu compadre ALOISIO tinha uma família exemplar com minha comadre ELVIRA, os filhos todos homens; José que chegou a ser gerente do Banco do Brasil, hoje aposentado; Arthur que faleceu dezembro passado no Pilar e foi acidentado com um tiro de espingarda na testa, pois ao atirar ocorreu o refluxo, face a existência de barro no cano da espingarda, sendo socorrido pelo COMPADRE que o trouxe nos ombros do chaco à cidade, salvando-lhe a vida; Cícero que foi para São Paulo, vindo a falecer anos passados; Beto que mora em Traipú o mesmo ocorrendo com o Biu que trabalhou na Emater, foi vereador da cidade, tendo hoje casa em Maceió e o caçula Lula Dentinho que trabalha no Polo Industrial de Marechal Deodoro e mora em Maceió.

Com exceção do Cícero e Arthur, todos são formados e com sucesso em suas profissões. Minha Comadre sempre foi muito presente na educação deles, exigente, justa e tinha verdadeira afeição à todos.
Meu Compadre foi um amigo de uma fidelidade impar, conselheiro e pau para toda obra, era um cabra macho na expressão da palavra; gostava de vinho e rapé, mas sempre equilibrado, um líder nato, adorava a Raquel, esposa do José e o Boca Larga filho do Cícero que ele criou até a adolescência, indo com a mãe para S. Paulo, mais tratava a todos com o mesmo desvelo.

Ele e D. Santina, minha querida mãe, eram meus assíduos companheiros; quando comprei as fazendas em Traipú, precisava plantar capim e, fomos passar uma semana em uma casa de taipa, com dois quartos e um banheiro com um tanque onde juntávamos água, não tinha luz, foi uma verdadeira aventura. A noite, dormíamos com um candeeiro e vela, em redes, eu e o compadre em um quarto e mamãe no outro, havia muita cobra suçuarana que piava ao redor da casa. Pela manhã, ia de camionete buscar os trabalhadores no Olho DÁgua, mamãe preparava nos panelões almoço nosso e do pessoal, sempre charque, farinha, arroz e feijão; a tardinha levava o pessoal e seguíamos para Traipú, onde tomávamos banho no São Francisco, fazíamos compras e jantávamos. Fizemos esta temeridade por mais três vezes.

Varias vezes fomos pescar na Fazenda do Zé Tenório, as margens do S. Francisco, ele foi um precursor na criação de tilápias em tanques, no rio fazíamos arrasto onde capturávamos pilombetas, tucunarés e pescadas brancas e curimatãs. Meu Compadre participou do todas as viagens pelo São Francisco; era o organizador, cozinhando, armando as barracas etc.

Fui convidado pelo Serrú Fontan, meu primo torto, que trabalhava na CHESF, em Paulo Afonso, para uma caçada de peixes em Sobradinho, fato estranho que topei na hora; fiquei com o Serrú e mais uma pessoa no alto das montanhas de pedra à beira do rio, armados de fuzil Fal ,na margem, por trás de uma formação rochosa, meu compadre e mais dois pescadores com uma grande tarrafa, esperavam os tiros para lançá-la e recolher com rapidez, evitando que os peixes mergulhassem antes da rede fechar . Do alto observávamos grandes cardumes de curimatãs iam e vinham, nas ocasiões que adentravam na enseada onde estavam os pescadores, atirávamos para poder jogar a tarrafa, pois o principal objetivo dos tiros, era que eles aturdidos não mergulhavam antes da rede fechar; pois o rio era muito profundo e transparente. Foi genial, pegamos mais de cinqüenta peixes com peso variável de quatro a doze quilos; todos curimatãs.

Das caçadas nos alagados e beira das lagoas pegávamos marrecas, patos pretos, galos e galinhas d´água, socós bois, jaçanãs, lontras, capivaras e jacarés; os chacos que tinham mais caça eram os plantios de arroz em Igreja Nova e arredores de Penedo.

Não vou me alongar, tempos diferentes aqueles, onde prosperava a amizade com respeito, fidelidade e companheirismo.

Outro COMPADRE porreta foi o GABRIEL MIRANDA, conheci em Atalaia desde menino, era filho de João Miranda, compadre de Tio Celso, proprietário de fazendas, tinha uma grande prole. Em Atalaia éramos amigos inseparáveis; ele só não gostava de jogar bola, mais um farrista emérito.

Foi o meu primeiro companheiro das caçadas no Pilar e, tem um fato impar que ocorreu conosco; no final da caçada, como sempre fazíamos, fomos tomar banho no Grajaú; já tínhamos tomado umas e outras, e como ia voltar dirigindo, fiquei numa sombra para tirar um cochilo, eis que acordo com uma baita dor, foi que Gabriel ao invés de cortar um pedaço de charque, cortou meu dedão, mas de fato foi sem querer, era a pinga em demasia.

Em outra ocasião, inventou de encaibrar uma casa que eu estava fazendo no Sitio Sacy, mas teimoso, mal se pondo em pé, a cada cinco marteladas, desequilibrava e caia, tendo eu de pegá-lo, para não se esborrachasse no chão, tive que refazer todo o trabalho.

Pelas suas farras, deu-me muito trabalho para  retira-lo da cadeia, sempre a um chamado de minha comadre, uma verdadeira Amélia.

Entrou comigo no IPASE, nosso primeiro emprego, continuamos muito ligados, lembro-me de que todo dia íamos tomar o sopão do IAPETEC.

Com minha saída do IPASE, passamos muito tempo distantes; mas com o passar dos tempos, GABRIEL deixou de beber, ligando-se à família, teve três filhos bonitos, embora eu brincasse com eles, que nunca tinha visto um feio gerar pessoas tão bonitas; meu afilhado Wellington já rapaz, mantém um certo aconchego, os outros tenho conhecimento formal. Ficou empregado no IPASE até se aposentar em um bom cargo.
Estive com ele varias vezes, quando soube que estava com câncer, mas não conseguiu superar a doença; foi uma grande perda, era um amigo querido , leal e de uma coragem incomum. Deus o tenha.

Fui apresentado ao ARMANDO pelo Clailton, iniciava minha carreira jurídica, comprara o escritório no Edfício Delmiro de Gouveia, ele era boy do ministério do Trabalho e começou a aparecer com freqüência, sempre interessado em fazer trabalhos e petições, participando do dia a dia, então incentivei para que continuasse os estudos e fizesse vestibular de Direito.

Dois anos depois o COMPADRE ARMANDO passou no vestibular, sempre fazendo bico conosco. Nesse período, fazíamos muitas apreensões de veículos, advogando para financeiras. Batemos um Record ao apreendermos 54 (cinqüenta e quatro) carros em um mês, e tivemos de colocá-los nas margens do riacho do Sapo que ficava no quintal do ARMANDO. Era uma advocacia pesada e afirmava que se chegasse vivo aos quarenta anos, deixava de advogar, o que cumpri; ARMANDO ficou conosco até o fechamento do escritório, que contava à época com COSTA, ROMANY, EDMAR, FERNANDO, CARLOS ALBERTO e SAMUEL; PAULO JACINTO já estava com o Dr. João Lyra. Foi uma decisão difícil e sofrida, mas palavra é palavra.

Ele esta sempre alegre e jovial, galgou o mais alto posto jurídico do Ministério do Trabalho, hoje está  aposentado e brinca de advogar; tem uma família exemplar, inclusive minha afilhada Amanda, advogada atuante, já trabalhou em nosso escritório, tendo saído por uma proposta melhor, esta casada e tem um garotão que é CSA doente.

Na época do EJUCAL, o COMPADRE ARMANDO participou conosco de caçadas e pescarias, embora não fosse bom nem uma coisa nem outra; mais teve um aprendizado muito bom, era unha e carne com Edmar, com quem saia freqüentemente, inclusive tem uma historia interessante de um dentista, mas quem conhece melhor é o Edmar.

Ao voltar de um retiro do MFC, com uma volta com um crucifixo no pescoço, ele passou a me chamar de Santidade, foi a maior gozação no escritório. É um amigo de todas as horas, feliz por tê-lo como COMPADRE e por seu sucesso.

Como era muito ligado a Tio Aloysio Nonô, herdei dele dois COMPADRES, MAINHA e MADEIRO, com os quais convivi e convivo até hoje. COMPADRE MAINHA era dono do Riachão, em Quebrangulo, foi prefeito mais de uma vez do município, deputado estadual, respeitadíssimo em sua região e emérito caçador. Participei de pelo menos três caçadas com ele, uma na sua fazenda, outra na fazenda do Jerson Tenório no sertão de Alagoas e a última em nossa fazenda em Traipú.

Ele mantinha uma turma de sua confiança, caçadores experimentados, com cachorros para correr às caças, principalmente veados; ou em esperas nas aguadas para atirar nas pacas, a rainha das caças. Em todas conseguimos êxito, a mais fraca foi a de Traipú, onde apenas matamos um veado vermelho e um guandu.
Todo ano eu ia ao Riachão, as vezes com Tio Aloysio, para trazer uma paca para saborear. Ele mantinha atrás da casa da fazenda uma pequena mata , onde havia uma criação de pacas, que era preservada para serem abatidas em dias especiais.

Passei a conhecer toda a família, D. Creuza com seus doces inigualáveis; suas filhas casadas com Silvio, Helvio e Marcelo. Toda vez, ficávamos a jogar conversa fora no alpendre da casa, as vezes jogávamos um carteado (buraco), só voltando no outro dia após tomar leite no curral.

Seu falecimento deixou-me consternado; muito embora tenha sido convidado insistentemente pelo Hélvio; não fui mais ao Riachão.

Todavia, como estou com mais tempo, já me comuniquei com o Marcelo e pretendo ir brevemente para relembrar momentos inesquecíveis com o COMPADRE MAINHA, homem de uma vitalidade, cortesia incomparáveis e tomar aquele leite.

Meu COMPADRE MADEIRO, foi a herança que me restou do Tio Aloysio, que prezo mais que tudo, pois sempre me ajudou nos momentos difíceis, ficando com meu gado por inúmeras vezes, sempre aconselhando-me em circunstâncias outras.

Também conheço toda sua prole; alguns mais chegados como Rogerio, Marquinhos e Marcelo, outros formalmente. Sempre que posso vou fazer-lhe uma visita em sua bela fazenda em Jacaré dos Homens, onde passei momentos inolvidáveis com ele e D. Zefinha.

Boa parte do gado que comprei,  sempre pedi sua inestimável ajuda, visto que é um sábio no assunto, tendo criado uma raça belíssima, fazendo cruzamento de gado holandês com guzerá, conseguindo vacas de até vinte arroubas e muito leite.

O passamento de D. Zefinha foi um baque muito grande, mas ele vem conseguindo contornar adequadamente. COMPADRE MADEIRO tem uma característica vital que é sua generosidade exacerbada e uma tranqüilidade que lhe é inerente.

Era o irmão torto querido de Tio Aloysio; quando vou lá, passamos à noite relembrando aquela verdadeira amizade; inclusive, o quarto em que Aloysio dormia, continua do mesmo jeito há vários anos.
Estou indo para o Carmelo, possivelmente na próxima semana para colher seus conselhos e botar o papo em dia; o que para mim é inestimável.

Por último relembro meu primo e COMPADRE GERALDO SILVA, que comecei a conviver, já após o seu casamento com Laiz Braga Silva; eu criança já o vira algumas vezes e sabia que era muito ligado ao Tio Otavio, pois tinham a mesma idade e gênio.

Nossa ligação iniciou-se através da ligação de mamãe com o casal, a época morando em Fortaleza; com a transferência para Paulo Afonso, onde foi assumir uma Diretoria na CHESF, nos convidou para visitá-los.
Nas férias escolares, resolvemos eu e D. Santina ir passar uns dias com meus futuros COMPADRES na Bahia; a partir dessa viagem, firmamos uma amizade que se estende até hoje, com minha COMADRE LAIZ, meu afilhado CICERO e os oito irmãos.

Tinha 17 anos, mas fiquei encantado com a recepção; meses depois eles vieram em um ônibus com outros colegas de trabalho para participarem de um bingo no estádio da Pajussara, foi uma folia geral e, conheci uma filha do Dr. Pimentel, passando a namorá-la. Nesse dia, saímos do campo do CRB e fomos para a praia ver a saída da lua cheia.

A partir daí, sempre passei parte das férias com Geraldo, a nossa afinidade era perfeita em todos os sentidos, jamais estivemos qualquer estremecimento, também pelo fato da amizade de mamãe com tia ARGENTINA, sua irmã mais velha, eram parecidíssimas, tanto fisicamente, como em gênio forte, com Laiz, pelas habilidades manuais, pintavam e bordavam muito bem e os meninos por sua educação impecável.
Após a morte de Tia Argentina, o apreço do COMPADRE GERALDO por mamãe aumentou, passando a ser sua tia querida. Tinham umas coisas em comum, a coragem. Nos meus sessenta e oito anos bem vividos, nunca presenciei uma mulher com a disposição de d. Santina, nem um homem com a coragem suicida do Geraldo; ele não era muito alto, porém seu corpo muito musculoso e não levava desaforo para casa, às vezes até gostava de insultar, procurava briga, mas no olho a olho, tete a Tetê, jamais usou deslealdade; testemunhei vários atritos. Nos dias atuais, a coragem foi substituída pela covardia, todos os enfrentamentos são de tocaia, embuste, pelas costas; os valores mudaram e para pior.

A casa deles era sempre uma festa, além dos nove filhos a Dinha e presença constante de amigos como Dr. Pimentel, Dra Zelia etc etc. Tinha um refrigerador industrial e a despensa era um quarto abarrotado de mercadorias abastecido na feira livre, por um supermercado exclusivo para funcionários à preços subsidiados e por uma fazenda onde era produzido leite, carne, verduras e hortaliças.

Naquela época Paulo Afonso possuía a vila dos diretores, engenheiros e técnicos e a vila dos operários, em cada, um clube social, cinema, colégio, hospital e segurança reforçada; a hierarquia era muito respeitada.
A CHESF era uma prioridade nacional, havendo muitos privilégios para captar e manter um naipe de técnicos de alta competência.

O meu COMPADRE foi o Diretor responsável pelas compras de toda a Empresa, pessoa importante, prestigiado e principalmente respeitado.

Sua casa era a maior da vila, pela prole tinha como também por sua condição na Empresa. Por isso, os meninos tiveram uma infância e adolescência muito rica em todos os parâmetros; eu aproveitei ao máximo a beleza que era Paulo Afonso.

Mesmo depois de casar, mantivemos e mantemos uma amizade de alto nível, fui convidado para ser padrinho do último rebento homem de meus COMPADRES o CÍCERO e os convidamos para serem também padrinhos de WELMINHA, minha segunda filha.

Fomos muito mais à Bahia do que eles à Maceió; uma vez fomos todos passar uma Semana Santa em nossa casa de praia na Lagoa do Páu, em Coruripe, COMPADRE alugou um ônibus, pela quantidade do pessoal, foi maravilhoso; pescamos , caçamos tomamos banho de rio e mar; toda noite tinha um afamado bingo.
Outras vezes vieram para a nossa fazenda em Atalaia e Walter se hospedava conosco em suas vindas a Maceió.

Quando os filhos começaram a estudar em universidades, foram para Recife, Fortaleza e Brasília, esvaziando aos poucos a casa; acompanhei amiúde esta transformação, que também ocorreu com a CHESF, sendo retirado todos os bônus; com o passar do tempo, já não valia a pena permanecer, como também veio o tempo da aposentadoria, foi um período difícil.

Dos nove filhos, só ficaram Cícero e Laizsandra; Jorge foi com Rosangela,já casada com Walter, piloto e funcionário da CHESF para Fortaleza ; Rosiana, casou-se com Vicente Jorge, foi morar em Recife o mesmo ocorrendo com Jakson ( Santissimo ) apelido dado por mamãe, que era seu protegido e Jader. Jeferson e João para Brasília, onde estive por varias oportunidades com Tio Otavio, acompanhando seus respectivos crescimentos; Jeferson como artista plástico e pintor e João como dono de galeria de quadros.

Foi tétrico, a casa anteriormente cheia de gente, tornou-se vazia, MEUS COMPADRES sentiram muito; contudo, demonstrando o paizão que era, ajudou de todas às formas sua prole. Nessa época, presenciei, um fato incomum, ele que chegou a possuir três carros, ficou de pés, pois entregou aos meninos; mas sempre animado e jovial.

Houve uma mudança de 180 graus, ao aposentar-se, foram morar em Fortaleza, onde possuíam uma bela casa.
Eu e Wilmene fomos ao casamento de praticamente todos os filhos de MEUS COMPADRES, o mesmo ocorrendo com eles.

Sempre gostou de festa; estive em Fortaleza na comemoração de seus setenta anos, quando reuniu todos os filhos, genros, noras e netos; Mas dez anos após, estava com passagem marcada para a comemoração dos oitenta anos, no aeroporto, quando por falta de teto, o avião não desceu, uma trovoada atingiu Maceió, eu que sempre tive horror em viagens aéreas, desisti.

A noite, veio o arrependimento, com uma sensação ruim, de que não mais veria meu COMPADRE, sendo repreendido por minha esposa, convencendo-me que era uma asneira e que o veria varias vezes. Mas ocorreu o inusitado, de início, pela incrível falta de tempo, também pela doença de mamãe.

Num domingo 17 de novembro de 2.002, pela manhã, vindo da fazenda, recebi um telefonema de Wilmene, dando-me a triste notícia; imediatamente liguei para Geraldinho, meu agente de viagem, solicitando duas passagens para Fortaleza; quando estava entrando em Maceió, recebo outro telefonema de Wilmene, pedindo para antes de ir para casa, passasse no apartamento de mamãe, na hora, tive um impacto e perguntei, mamãe morreu?; tive a confirmação.

Perdi naquele dia, duas pessoas inigualáveis e insubstituíveis; uma coincidência absurda; tia e sobrinho, que tanto se queriam foram juntos para uma nova esfera.

Nossa vida é muito curta, nesse vale de lágrimas; mas o que choca é a impossibilidade de podermos substituí-los, amizades como a nossa é praticamente impossível nos dia de hoje, onde impera os interesses pessoais, a aparência e o ter acima de tudo.