segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

FOTOS ENCONTRO 11-dez-2009 por Lelé

ALBERTO CARDOSO, CUCA, CARLITO, BETUCA, JAIMINHO OTAVILA, ALIPIO, QUICO, TONHO, HELIO FONTES, CHIQUINHO NEMÉSIO, WALDO, SIDNEY, EURICO, GUILHERME, RICARDO BRAGA, TINHO, DUDU, HÉLVIO, VALTER FUIMARÃES, MARDEM, CÉSAR CARNEIRO, LELÉ
























domingo, 13 de dezembro de 2009

GENERAL GENTIL-HOMEM por | Humberto Gomes de Barros*

Há quase um ano, no artigo “Palmeiras - instituição maceioense”, referi-me à reunião às margens da Lagoa Mundaú, de homens já entrados na terceira idade, para comemorar o aniversário de uma entidade que lhes alegrou a adolescência: o Palmeiras Futebol Clube. O encontro ultrapassou os contornos de simples homenagem. Transformou-se em confraternização de pessoas que foram jovens no meado do século passado. A festa deste ano terá ingrediente especial: a homenagem a um dos mais importantes integrantes da geração palmeirense: o general Nilton Moreira. Discreto e cordial, Nilton deixou Maceió, antes de chegar à idade adulta. Aprovado nos duros exames ministrados pelo Exército brasileiro, tornou-se cadete. Deixou-nos, assim, para cursar a Academia Militar das Agulhas Negras. Voltava para cá, nas férias de fim do ano, com direito a envergar, no réveillon da Fênix, a vistosa farda de gala - encanto das garotas e causa de inveja a nós outros, civis. Jamais, entretanto, portou-se com arrogância.
No posto de coronel, ele retornou à terra, para comandar o 20º Batalhão de Caçadores. Manteve, nesse alto posto, a cordialidade de sempre. O generalato, tampouco, o modificou. O general Nilton Moreira continuou a ostentar o sorriso tímido que o caracterizava nos tempos de estudante secundário. Já na reserva, foi convocado para dirigir a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, poderosa entidade, capaz de se impor aos mais poderosos políticos nordestinos. Nem aí ele se transformou.
Como testemunho de sua postura, lembro uma entrevista em que recebi, no STJ, o procurador-chefe da Sudene. Entusiasmado com a entidade a que pertencia, ele narrou-me a preocupação com que recebera a nomeação de um general para a superintendência do órgão: “Se os civis abusam da prepotência - imaginou ele - um general vai distribuir pontapés”. A inquietação esvaiu-se no primeiro despacho. Ao contrário do que faziam os civis, O general-superintendente foi recebê-lo à porta do gabinete e, no lugar de passar ordens, pediu orientações. “Saí amigo daquele homem”, finalizou o advogado. Fingindo ignorância e disfarçando emoção, indaguei: “Como se chama esse general?”. A resposta envaideceu-me: “O nome dele é Nilton Moreira, um dos maiores administradores que a Sudene já teve”.
Esse general gentil-homem, orgulho de nossa geração, faz jus a qualquer homenagem que Alagoas lhe possa tributar. Estou, contudo, seguro de que, em seu proverbial recato, ele preferirá a qualquer honraria, o tributo singelo que lhe prestarão os amigos de juventude.
(*) É escritor, advogado e ministro aposentado do STJ


GAZETA DE ALAGOAS

EDIÇÃO DE 05.12.2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

OS AFAZERES DOS MENINOS DA AVENIDA DA PAZ por Paulo Ramalho

Realmente naquela época a situação se identificava com o nome da avenida, Avenida da Paz.
A nossa principal indumentária era o calção, não existia bermuda, com camisa ou sem e os pés descalços, também não existia sandália japonesa.
Éramos verdadeiramente donos do pedaço.
Fazíamos ratoeiras com latas vazias de óleo comestível para pegar caranguejos nas margens do Riacho Salgadinho, riacho e não esgoto a céu aberto.
Construíamos jangada com troncos de bananeira para passear e pescar no riacho.
Jogávamos futebol no campo da Sinhá, próximo à Praça Sinimbu, pois éramos amigos da turma de lá, jogávamos também em um terreno baldio atrás da casa dos Ribeiro Jardim, no quintal da casa do professor Hélio Gazzaneo, pai de Clarissa, Tereza, Lula e Lélo, que foram morar no Rio de Janeiro, e atrás da casa do General Mário Lima.
Seu genro Capitão João Carlos Castelo Branco, casado com Rosita, sua filha mais velha, quando estava em Maceió, participava de nossas peladas, e no final fazíamos fila para distribuição de cigarros, feita pelo capitão.
Jogávamos pinhão, ximbra, depois chamada bola de gude, soltávamos arraia, depois chamada de papagaio, entre muitas outras coisas.
As arraias eram fabricadas por nós, às vezes eu até vendia, para apurar uns trocados.
As ximbras, quando ganhávamos em grande quantidade, também vendíamos, não sei se Carlito se lembra, certa vez, fizemos uma sociedade e o apurado das vendas nós dividíamos.
Mas a nossa intimidade mesmo era com o mar, a praia de areia alva, onde jogamos futebol na areia molhada, porque era dura, fazíamos trincheiras para guerrear com bola feita de areia molhada, endurecida com areia seca.
Como disse, era no mar que pas
sávamos grande parte de nosso tempo.
Fazíamos de tudo, até aposta para ver quem tirava areia na parte mais funda, sem medo algum da distância da praia, de peixe, ou qualquer outra coisa.

Íamos entrando e mergulhando, quando voltávamos à superfície levantávamos a mão cheia de areia, e cada vez mais se distanciando da praia.
Quando estávamos bem distante, ao mergulhar, o fôlego ia chegando no limite, avistando a areia no fundo, não tínhamos outra alternativa, tinha que forçar, não só para pegar a areia, mas também com os pés na arreia impulsionar a volta, senão era impossível, sem o impulso, voltar a superfície, tal era a profundidade.
Éramos destemidos, e nossa intimidade com o mar, como já disse, era grande.
Nunca aconteceu acidente fatal com qualquer um de nós, os que já partiram não foi em conseqüência de nossa brincadeiras.
Por isso volto a afirmar, tivemos uma infância e uma juventude, que só temos que dá graças a Deus.
Eita tempo bom.
Quantos que não moravam lá, mas sempre que possível estavam conosco, Walter Lima, Marú, primos de Carlito, Roberto Aranha, que moravam na Rua da Alegria; Kleber Mendonça, que morava na rua Nova; Geonaldo Arroxelas, primo de Roberto e morava no Poço; Arthur Justo que morava na rua Comendador Palmeira, em cima da Ladeira do Brito, e tantos outros.
Quanta saudade e quantas boas recordações.
Amigos irmãos avenidenses, meninos da avenida, nós fomos e somos privilegiados.

Abraços.


Paulo Ramalho – Membro efetivo dos Meninos da Avenida Novembro/09