quarta-feira, 27 de junho de 2012

HUMBERTO GOMES DE BARROS, SIMPLESMENTE COMPADRE BETO por Chiquinho Nemésio


                             Cheguei à Brasília em 04.12.1961, e o compadre Beto aqui já estava! O encontro casual foi inevitável. Amigos na infância, o reencontro em Brasília foi uma bênção! No carnaval de 1962 conheci Selma, carioca e filha de Português, hoje minha esposa, com quem me casei em 31.12.1963. Beto casa com Yvette, também carioca e filha de Português! Coincidência providencial, pois surgiu uma grande amizade entre as duas, com convivência quase diária, até hoje! São 50 anos de uma grande amizade! Desde então passamos os natais juntos (as duas famílias).  Ano bom em nossa casa (Data do nosso casamento) e natal na casa do Beto!
                           Nas nossas reuniões eu costumava dizer: No começo, era eu e o Beto. Agora somos:



 
Beto &             *Betinho -Débora, Pedro Paulo, Fernandinha e Carol
  Yvette                    *Lícia – Jefferson, Guilherme e Ana Júlia
 
                                            * Raquel –Fernando, Mariana e Fernandinho
                                             * Carlos Adolfo - Denise




 
Eu &                * Marcus Vinicius – Cristina, Mª Luíza, Izabela e Gabriela
Selma                     * Andréa – Ângelo ,Amanda e André
                                         * Cristiane – Tiago
                                         * Daniele –Konrad- Em Gestação


                      Vejam vocês, somos agora 28. Demos uma significativa contribuição ao povoamento do Planalto Central! Meu compadre Humberto não acreditava muito noutra vida. Era meio agnóstico, porém um grande cristão! Sempre esteve pronto a ajudar o semelhante! Pobre e rico foram ajudados por ele! Sei de pelo menos uns 7 ou 8 casos em que os ajudados são eternamente gratos ao Procurador Geral e ao Ministro! 

Em seus últimos meses de vida tive a felicidade de vê-lo receber o Frei Oslan, a meu pedido, em visita à sua casa, que foi, quero crer, o início de sua conversão! Nos últimos dias recebeu a visita, já no hospital, do Pastor Hércio, levado por seu filho Betinho e do Padre José Maria a pedido do Stéllio, culminando em sua conversão.

                       Ministro Humberto Gomes de Barros, homem de reputação ilibada, (por ele sempre pus a minha mão no fogo), sempre foi um bom amigo, bom pai, bom filho e bom irmão! Nós tínhamos um bom e respeitoso relacionamento! Nunca brigamos ! Nos casos mais sérios de vida sempre trocamos consultas e conselhos! E todas as vezes os resultados eram sábios!

                       Em outubro de 1963, nós, eu e o compadre, fomos de carro para o Rio. Era um Fusquinha amarelo escuro/1960, presente do Dr. Carlos, seu pai. Beto ia casar e eu visitar a noiva, com quem casaria em 31/12/63. Em Cristalina o motor do carro “bateu” e tivemos que voltar para Brasília. 

À época eu era sócio de uma oficina Volks onde o mestre Pedro fez o serviço de maquina. Eu como tinha problema de folgas no Banco peguei o primeiro ônibus para o Rio e o Beto esperou o carro ficar pronto. Detalhe: na volta de Cristalina, colocamos o carro em cima de um caminhão e voltamos dentro dele a tomar uma boa cachaça, aventuras de noivos! 

                    Muitos e muitos anos depois, quando o Internacional tornou-se campeão do mundo, fomos eu e o compadre a Maceió para o tradicional encontro da turma do Palmeiras. Beto convidou-me a ficar com ele em seu apartamento de 2 quartos na orla de Ponta Verde, foram 3 dias de gentilezas e atenções. O mais admirável foi ele me ceder o banheiro principal e ficar com o da empregada. Veja quanta hospitalidade e humildade; eu amigo/ irmão e compadre não o dissuadi a trocar de banheiro. 

Por essas e por outras é que ele era muito querido. Ainda hoje recebi uma ligação de um grande advogado de Brasília, amigo comum de longa data que chorou comigo ao telefone dizendo das qualidades de Beto Gomes e o quanto aprendeu com ele quando foram companheiros na OAB. Assim era o nosso Ministro.

 Companheiro de futebol de salão e de campo Humberto Gomes Barros, foi fundador do Gerovital juntamente comigo, Robertinho  e Edmundo Guimarães Figueiredo(Presidente), nos anos de 1964 quando jogamos no terreno baldio na SQS 115. Ele morou na SQS 315, defronte.

Fundadores do Gerovital éramos muito amigos e unidos. Tantos anos depois, já jogando à beira do lago, junto ao Cota Mil, Beto Gomes e Edmundo Figueiredo brigaram, não me lembro por qual razão. Amigo de ambos tentei por tudo fazer as pazes; em vão. Então fiz greve. Deixei uns dois ou três sábados de jogar em sinal de protesto, prometendo só voltar quando eles fizessem as pazes. Indo às “peladas” e não jogando não deu certo, reinava a intransigência.

 Então apelei para a carta de São Paulo aos Coríntios, onde fala na caridade/amor. Mandei uma cópia para cada um. Foi tiro e queda. Consegui a paz. Fomos todos à casa do compadre Beto. Eu mesmo fiz uma batida de limão com azuladinha de Coruripi. Foi um grande porre regado a lagrimas e alegrias, voltei a jogar!


Eu e Beto nos respeitávamos muito. Lembro de várias vezes que trocamos idéias e conselhos em vários casos sérios de nossas vidas. Todos os problemas foram resolvidos com serenidade, quão bonita foi a nossa amizade! Que grande privilegio foi ter Beto em minha vida.

 Não fosse a grande amizade entre as nossas mulheres talvez a nossa convivência não fosse tão assídua. Foram vários e vários Natais juntos em Brasília. Naqueles tempos, “criamos” a nossa família. A nós dois juntaram-se Robertinho , Celso Martins da Silva, Marcello Campello, Pedro Henessy, Amaury Ramos, Stellio Seabra, formando uma grande e solida confraria. 

Caros amigos, fosse eu contar aqui todas as historias daria um grande livro. Foi uma década, a de 60, com freqüência assídua ao Clube do Congresso. Nossos filhos ainda pequenos apreciando os pais jogarem futebol de salão e campo. De 1970 em diante o clube foi o Country , junto ao Catetinho. Futebol e churrasco todos os domingos.  Foram 5 anos de Diretoria. Beto 1º secretário e eu 2º segundo secretário. O presidente era Dr. Geraldo Guimarães. Beto, sócio fundador do Country Club, redigiu seus estatutos. Depois nos mudamos para o Lago Sul, em cujas casas, aos domingos degustávamos deliciosos churrascos, revezando as residências. E a confraria continuava reunida e assim continua até hoje. Amizade fraternal, muito linda. 

Tive a felicidade e honra de ouvir, no velório, de dois filhos do meu compadre Beto a seguinte frase: “Agora o senhor é o meu pai”. As famílias foram se entrelaçando: eu e Selma padrinhos da Lícia (filha) e da Fernandinha (neta), meu filho padrinho de Ana Julia, filha da Lícia e meu sobrinho neto tá namorando a Carol, filha do Betinho. Nós fomos padrinhos de casamento de todos os filhos dele e vice e versa. Compadre Beto nasceu no mesmo dia em que nasceu minha mãe: 23/07 quando faria 74 anos. 
 
Finalmente faço questão de frisar a fibra inquebrantável da minha comadre Yvette que nunca se deixou abater, alimentando esperanças até o fim. Foram quatro anos de incansável dedicação, fez tudo o que podia, tudo, tudo. Creio que a ficha ainda não caiu para nós.

 O vazio é grande, enorme, a vida sem o compadre Beto será diferente, o “cara” era uma referencia. A adaptação será dolorosa, como foi durante a sua enfermidade. Luta sofrida, mas sempre alimentada de esperança.

Compadre Beto, que Deus o tenha em bom lugar, pois você merece, lembranças nossas ao Capixaba, Marcelo, Geraldo Lopes e outros.
Brasília, 14 de junho de 2012.

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Um comentário:

Eliene Chaves disse...

saudade do meu Chefe querido...