segunda-feira, 7 de maio de 2012

Uma construção vitoriosa e fecunda: - uma prece ao voluntarismo por Murillo Mendes


 No último dia quatro, como sempre, na primeira sexta-feira do mês, reuniram-se os Meninos da Avenida, em seu habitual almoço, no Clube Fenix Alagoana; desta feita, também, para homenagear, em sua breve estada entre nós, o vitorioso companheiro Alberto Cardoso, pela passagem de seu aniversario natalício. Foi uma amorável festa de confraternidade. O Alberto, como obvio, foi o vértice de nossos afetuosos sentimentos, sujeito ativo de muitos causos e de outras indeléveis lembranças que marcaram o passado comum a todos nós, os que, ali, estávamos. Como num passe de mágica, de repente, contagiados pelas afinidades e afetividades que nos mantêm unidos, todos nós nos convertemos em alegres e festivos adolescentes, como outrora, vivos e buliçosos, não obstante o inexorável fluir do tempo.

            Sou, na realidade, nascido e criado na Praça Raiol; nela, afetado por sua aura mágica, fiz-me gente. Vizinho parede meia da Avenida da Paz, considero-me um avenidense autentico; pois, foi lá, no uso e gozo diário de sua encantadora praia e em seu aconchegante e ensolarado entorno que fiz meu teatro de lazer, meu saudável viveiro, minha versátil praça de esportes. Um quase autóctone, como tantos outros, que cultua as amizades construídas no idos da juventude, que exalta o convívio fraterno e os valores da vida em família.

Lembro-me de quando, vivendo esse ideário, fecundando consciências, um grupo de raiolinos criou um ambiente propício à vida comunitária organizada, florescente na instituição da Confraria da Raiol. Hoje, ela tem vida cartorial, é pessoa jurídica de direito privado e reconhecida, através de Lei Municipal, como entidade de utilidade pública. Esta é, assim, uma exuberante experiência, que nos parece válida, oportuna e útil, ao valorizar o esforço comum, a participação de todos e de cada um, ajudando-nos a superar o individualismo prepotente, para estabelecer, entre nós, um clima verdadeiramente familiar.        

            Pois bem, a Confraria da Raiol é essa auspiciosa possibilidade que se abre para a descoberta e avaliação dos talentos de cada um de seus integrantes, para que se dê, ou se amplie o sentido da vida solidária e fraternal; para que se tenha, ou se fortaleça a esperança de felicidade, acordando nossa consciência para os compromissos com uma vida social mais justa e equidosa. Em síntese, um amorável veículo de renovação para a nossa convivência, um reiterado exercício, racional e inteligente, para bem enfrentarmos os desafios da vida, para superar nossas limitações, para as correções de nossos rumos, para exaltar a concórdia e fortalecer nosso conviver.

            Nossos primeiros tempos (raiolinos e avenidenses, também) evidentemente passaram; com eles, necessariamente, passou nossa adolescência e nossa juventude – enquanto fluxo inestancável do existir; mas, suas emoções e sentimentos, nossas valiosas experiências ficaram em nós, ínsitas em cada um de nós, como nosso encantado tesouro, nossa energia e nossa couraça. Nelas, nos inspiramos e somos alegres e felizes; nelas, nos reguardamos das armadilhas da vida, fortalecendo-nos para ultrapassar o amargor de inarredáveis inconsequências, de afoitas imprevidências. O certo é que nossa existência, que queremos válida, sem fronteiras mesquinhas e sem limites menores, fez-se em veículo do livre pensar e do agir livremente, do poder discernir e ser responsável.

            Nessa tarefa construtiva, expressando o voluntarismo com que viabilizamos nossa receptiva Confraria, amparei-me sob o pálio de invocação que compus e adotei como norte: Fogo abrasador da comoção/ que habita meu coração/ chama eloquente, flamejante/ mantém-te em mim, acesa/ viva, permanente.../ aquece meu corpo/ purifica minha mente/ ilumina meus caminhos/ orienta meus afetos/ encoraja minhas forças/ disciplina meus intentos/ faz-me irmão de meus irmãos/ ** Sol purificador da existência/ seiva da fraterna convivência/ alimento dos que têm a vida/ dos que a vivem dignamente/ faz-me consequente/ intrépido, valente.../ solidário combatente/ das nobres causas/ desses justos e pacíficos ideários/ dessa profética aliança/ dela, faz-me operário.../ seu intimorato voluntário. 

O JORNAL - 8 de maio 2012

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