
Estudava Engenharia em Recife nos meados dos anos 60, e esporadicamente, quando a saudade apertava, vinha a Maceió em finais de semana. Claro que seco prá chegar na praia da avenida, me encontrar com a turma. Lá prá tardinha, a gente como sócio, ia prá o clube Fenix tomar umazinhas, e neste horário encontrava a piscina fechada. Então eu pulava o alambrado e tibum... Aí em sucessivas vindas a Maceió, e sucessivos tibuns, peguei advertência, suspensão e finalmente expulsão. Foi o ocaso da Fenix na minha vida. Foi apenas o final do tempo feliz que passamos naquele clube.
Mais recordações vieram nesse convescote, principalmente quando encontrava os maloqueiros da época. Estavam lá vários avenidenses, como Mardem, Tinho, Carlito, Guilherme e Quico, e outros afins, que viviam na praia da Avenida, como o pessoal do Palmeiras: Cáo, Toinho bode, Fernando Soares, Walter Guimarães, Jair, e ainda Uchoínha, Sergio Nobre, Mauricio Breda, Chumbinho, Claílton, Marcello Barros, Vadinho, Esdras, Fernando Ganso, Roberto Arainha, Murilo Marinho, Batinga, Bionor, Ciridião, Flavio Gomes Barros com seu pai Maru, que quando o provoquei dizendo que ele só jogava na banheira no futebol dos Perrelli, em frente ao hotel Atlântico, me contou a seguinte história: na pelada dos Perrelli, deu uma porrada sem querer em Abrahão Moura, brabo que só a gota, e ele subiu prá avenida, chamou um cara e disse “vá pegar minha pistola que vou dar um tiro naquele filho de uma égua”, apontando o Maru. O cara falou “meu patrão, aquele é neto de seu Laurentino Gomes de Barros”, um dos coronéis mais valente das Alagoas. Aí Abrahão recuou: “em vez da arma traga duas cervejas”, e convidou Maru prá tomar umazinha. Eram assim resolvidas as paradas na época.

A entrada no clube era uma história a parte. O porteiro Raimundo, tal qual nossa honrada justiça, era muito maleável. Dependia do seu humor e do protagonista prá o cara entrar na Fenix. Uma vez Mourinha, nosso vizinho na Silvério Jorge, foi entrando dizendo que era filho do Cabeção, o homem do jogo do bicho, nadava na grana; seu Raimundo retrucou “pode ir dando meia volta que o Cabeção não é sócio daqui, não”. Outra vez, cheguei prá Mardem Melé e disse prá ele falar que era meu irmão. Eu entrei no clube, e logo atrás veio Melé. Raimundo perguntou “e você é filho de quem?”. Melé gaguejou: “ sô- sô- sô fi-fi-filho do me-mesmo pai dele”, apontando prá mim. O porteiro tava de bom humor, deu uma gargalhada e deixou Melé passar. Dizem, que certa noite, Fernando Collor chegou com três mulheres para entrar num baile da Fenix. Seu Raimundo chamou o Fernando de lado e comentou “ Prefeito, essas mulheres são suspeitas”, e recebeu a seguinte resposta “ suspeitas são as que estão aí dentro, essas são putas mesmo...” , e entraram todos, claro.
A vida esportiva de nossa adolescência, além das nossas peladas na praia, era vivida no clube Fenix. Ali era onde tinham as quadras de vôlei e basquete, e depois a de futebol de salão, inaugurada exatamente pelos meninos da

Além de futebol de salão, jogávamos vôlei e basquete, e praticávamos natação. Íamos assistir as feras da época no ginásio da Fenix: as sestas de Carlos Paes, Batinga, Lica Doido e Arroxelas; as porradas de Ascânio Urubu, Walter Pé-de-tábua, Fernando Ganso e Ivaldo Gatto no vôlei. Bianor era reserva do time de vôlei da Fenix. Quando o time estava perdendo a canalha gritava da arquibancada: “bota Bianor, bota Bianor”, quando ele entrava na quadra a gente já ia gritando: “tira Bianor, tira Bianor”. Certa vez ele perdeu a esportiva e saiu correndo atrás da gente, mas nossas canelas eram mais rápidas. O nosso amigo avenidense Adilson, o Cuíca, num jogo de futebol de salão, começou a berrar “queremos pau, queremos pau”. A galera deu a maior vaia. Ele olhou pra um lado, só tinha neguinho marrento, olhou pró outro, enxergou um baixinho esquelético, falou prá cima dele “quequié, nunca viu homem não?”. Aí foi que a vaia dobrou. A arquibancada da quadra da Fenix era um divertimento a parte.
Mas o melhor do clube Fenix eram suas festas. Eram contratadas orquestras espetaculares e famosos artistas nacionais. Lembro que uma vez Agostinho do Santos veio cantar na Fenix e se hospedou na casa de seu Dalmo Peixoto na Avenida. Era gente muito boa, bateu zorra com a gente na praia, calçando um tênis, era estranho aquilo na época. Outro que veio também foi Caub

O réveillon era imperdível. Depois de romper o ano em casa, a elite maceioense, ia comemorar na Fenix. Mas a grande festa mesmo era o carnaval. Não podíamos imaginar carnaval sem as festas da Fenix. Começava já em janeiro com o baile de Máscara, com premiação de fantasia, folião, etc. e os prêmios eram lanças perfumes, depois vinham os bailes pré-carnavalescos Preto e Branco, Noite do Havaí,... e nos dias propriamente de carnaval as Matinais e soirés, sempre com Claudionor Germano comandando a festa: “ ... não pense que estou triste nem que vou chorar, eu vou cair no frevo que é de amargar”. Foram nessas festas, ao som de Capiba, que nossa geração deu seu primeiro beijo, teve seu primeiro alumbramento sexual, tomou seu primeiro porre de dor de corno.
Todo mundo andava com sua lança Rodouro na festa. Tínhamos o nosso cantinho perto da piscina prá tomar porre. Numa
