sábado, 27 de fevereiro de 2010

RUI PALMEIRA por Carlito



SENADOR RUI PALMEIRA

Conheci o senador Rui Palmeira quando eu tinha 10 anos. Certa noite bateram palmas em minha casa, fui atender. Eram em torno de oito homens e uma mulher, a maioria de terno branco, conversavam entre eles, falavam alto, me perguntaram se o Coronel Mário Lima estava em casa. Chamei meu pai num grito, ele veio atender, educadamente mandou entrar a comitiva, eram amigos. Esclareceram para meu pai que estavam a fim de reunir-se, o único local seguro imaginado era a casa do comandante do 20º Batalhão de Caçadores. O grupo fazia oposição ao governador Silvestre Péricles, temiam mais violência, queriam um local onde pudessem discutir sem receios. Entre os de terno branco estavam: Rui Palmeira, Freitas Cavalcanti, Melo Mota, os irmãos Gomes de Barros, Oséas Cardoso, Arnon de Mello, sua esposa Dona Leda Collor de Mello e outros correligionários. Fiquei prestando maior atenção nas discussões acaloradas, às 10 horas fui dormir, a reunião varou a madrugada. No outro dia meu pai comunicou ao governador e ao comandante da Guarnição sobre a reunião. Houve outra, depois outra, fizeram de minha casa o Quartel General da campanha. Veio a eleição, resultado surpreendente com a grande vitória de Arnon de Mello para governador, para senador um médico de Major Isidoro, Ezequias da Rocha, derrotou o poderosíssimo General Góes Monteiro.

JUVENTUDE

Durante minha juventude tive os filhos do Senador Rui Palmeira e Dona Gaby como amigos mais próximos, foi uma época encantada da geração dourada nas férias em Maceió ou no Rio de Janeiro, quando eu fazia a Academia Militar das Agulhas Negras, a residência de Rui Palmeira, Rua Almirante Guilhobel, era sempre freqüentada por alagoanos, depois da transferência para Brasília, sua casa estava sempre de portas abertas. Durante os carnavais em Maceió, o escritório do senador na Rua do Comércio nº 400 servia de camarote e de passagem para seus filhos e amigos. O senador sempre um homem tolerante com a juventude, os amigos de seus filhos eram como se fossem filhos.

A PROLE

Em 1966 participei de uma reunião no engenho Prata em São Miguel dos Campos quando Guilherme anunciou, seria candidato a deputado estadual, fez carreira pública das mais brilhantes no Estado das Alagoas. Governador, Prefeito, Senador, depois Ministro do Tribunal de Contas quando se aposentou ano passado. Fui Secretário de Desenvolvimento Urbano do prefeito Guilherme Palmeira, um dos trabalhos mais entusiástico e profícuo em minha vida. Moacir é quem mais entende de política agrária na Brasil, é o intelectual da família.

Nos anos 60, Vladimir Palmeira tornou-se o grande líder estudantil, foi o organizador e líder da marcha dos 100 mil contra a ditadura militar. O senador Rui Palmeira, embora pertencesse ao partido do governo, deu todo apoio a Vladimir, enfrentou amigos e inimigos por sua posição de pai.

Godofredo o homem das campanhas eleitorais, sabe tudo. Miguel deputado, desistiu da carreira, e Nadja, minha querida amiga completam essa família bonita com quem convivi e convivo.

LEGADO

Rui Palmeira morreu cedo, com 58 anos, seu enterro abalou o Estado de Alagoas e o Brasil, no dia 16 de dezembro de 1968. Os amigos acompanharam o corpo até a Matriz de São Miguel depois ao Engenho Prata onde foi enterrado. Rui Palmeira, um democrata, lutador das Alagoas, deixou muitos amigos, muitas obras. Entretanto, o maior legado foi a retidão, a honestidade, o cuidado com as coisas públicas. Esse legado passou de pai para filho. Hoje seu neto homônimo, deputado Rui Palmeira, em primeiro mandato, é um baluarte contra os desmandos éticos, uma das poucas exceções na Assembléia Legislativa, honrou e honra o nome do pai e do avô.

MISSA

Familiares, amigos e admiradores do Senador Rui Palmeira vão comemorar o centenário de nascimento de Rui Palmeira, haverá uma missa
dia 2 de março de 2010, terça-feira, às 19 horas, na Catedral
Metropolitana de Maceió. Nascido em 2 de março de 1910, o Senador Rui
Palmeira se formou em Direito em 1934 pela Faculdade de Direito do Recife, foi um dos maiores homens, dos maiores políticos das Alagoas no Século XX.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

FOTOS - PINTO DA MADRUGADA 6-2-2010 por Lelé












FOTOS ENCONTRO 5-2-2010 por Lelé











Comemoração do 70 anos de Carlito em FEV2010:
Cuca, Carlito, Alberto, Lelé, Clailton, Magela, Sergio Nobre, Quico, Waldo, Tinho.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

FOTOS ENCONTRO 11-dez-2009 por Lelé

ALBERTO CARDOSO, CUCA, CARLITO, BETUCA, JAIMINHO OTAVILA, ALIPIO, QUICO, TONHO, HELIO FONTES, CHIQUINHO NEMÉSIO, WALDO, SIDNEY, EURICO, GUILHERME, RICARDO BRAGA, TINHO, DUDU, HÉLVIO, VALTER FUIMARÃES, MARDEM, CÉSAR CARNEIRO, LELÉ
























domingo, 13 de dezembro de 2009

GENERAL GENTIL-HOMEM por | Humberto Gomes de Barros*

Há quase um ano, no artigo “Palmeiras - instituição maceioense”, referi-me à reunião às margens da Lagoa Mundaú, de homens já entrados na terceira idade, para comemorar o aniversário de uma entidade que lhes alegrou a adolescência: o Palmeiras Futebol Clube. O encontro ultrapassou os contornos de simples homenagem. Transformou-se em confraternização de pessoas que foram jovens no meado do século passado. A festa deste ano terá ingrediente especial: a homenagem a um dos mais importantes integrantes da geração palmeirense: o general Nilton Moreira. Discreto e cordial, Nilton deixou Maceió, antes de chegar à idade adulta. Aprovado nos duros exames ministrados pelo Exército brasileiro, tornou-se cadete. Deixou-nos, assim, para cursar a Academia Militar das Agulhas Negras. Voltava para cá, nas férias de fim do ano, com direito a envergar, no réveillon da Fênix, a vistosa farda de gala - encanto das garotas e causa de inveja a nós outros, civis. Jamais, entretanto, portou-se com arrogância.
No posto de coronel, ele retornou à terra, para comandar o 20º Batalhão de Caçadores. Manteve, nesse alto posto, a cordialidade de sempre. O generalato, tampouco, o modificou. O general Nilton Moreira continuou a ostentar o sorriso tímido que o caracterizava nos tempos de estudante secundário. Já na reserva, foi convocado para dirigir a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, poderosa entidade, capaz de se impor aos mais poderosos políticos nordestinos. Nem aí ele se transformou.
Como testemunho de sua postura, lembro uma entrevista em que recebi, no STJ, o procurador-chefe da Sudene. Entusiasmado com a entidade a que pertencia, ele narrou-me a preocupação com que recebera a nomeação de um general para a superintendência do órgão: “Se os civis abusam da prepotência - imaginou ele - um general vai distribuir pontapés”. A inquietação esvaiu-se no primeiro despacho. Ao contrário do que faziam os civis, O general-superintendente foi recebê-lo à porta do gabinete e, no lugar de passar ordens, pediu orientações. “Saí amigo daquele homem”, finalizou o advogado. Fingindo ignorância e disfarçando emoção, indaguei: “Como se chama esse general?”. A resposta envaideceu-me: “O nome dele é Nilton Moreira, um dos maiores administradores que a Sudene já teve”.
Esse general gentil-homem, orgulho de nossa geração, faz jus a qualquer homenagem que Alagoas lhe possa tributar. Estou, contudo, seguro de que, em seu proverbial recato, ele preferirá a qualquer honraria, o tributo singelo que lhe prestarão os amigos de juventude.
(*) É escritor, advogado e ministro aposentado do STJ


GAZETA DE ALAGOAS

EDIÇÃO DE 05.12.2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

OS AFAZERES DOS MENINOS DA AVENIDA DA PAZ por Paulo Ramalho

Realmente naquela época a situação se identificava com o nome da avenida, Avenida da Paz.
A nossa principal indumentária era o calção, não existia bermuda, com camisa ou sem e os pés descalços, também não existia sandália japonesa.
Éramos verdadeiramente donos do pedaço.
Fazíamos ratoeiras com latas vazias de óleo comestível para pegar caranguejos nas margens do Riacho Salgadinho, riacho e não esgoto a céu aberto.
Construíamos jangada com troncos de bananeira para passear e pescar no riacho.
Jogávamos futebol no campo da Sinhá, próximo à Praça Sinimbu, pois éramos amigos da turma de lá, jogávamos também em um terreno baldio atrás da casa dos Ribeiro Jardim, no quintal da casa do professor Hélio Gazzaneo, pai de Clarissa, Tereza, Lula e Lélo, que foram morar no Rio de Janeiro, e atrás da casa do General Mário Lima.
Seu genro Capitão João Carlos Castelo Branco, casado com Rosita, sua filha mais velha, quando estava em Maceió, participava de nossas peladas, e no final fazíamos fila para distribuição de cigarros, feita pelo capitão.
Jogávamos pinhão, ximbra, depois chamada bola de gude, soltávamos arraia, depois chamada de papagaio, entre muitas outras coisas.
As arraias eram fabricadas por nós, às vezes eu até vendia, para apurar uns trocados.
As ximbras, quando ganhávamos em grande quantidade, também vendíamos, não sei se Carlito se lembra, certa vez, fizemos uma sociedade e o apurado das vendas nós dividíamos.
Mas a nossa intimidade mesmo era com o mar, a praia de areia alva, onde jogamos futebol na areia molhada, porque era dura, fazíamos trincheiras para guerrear com bola feita de areia molhada, endurecida com areia seca.
Como disse, era no mar que pas
sávamos grande parte de nosso tempo.
Fazíamos de tudo, até aposta para ver quem tirava areia na parte mais funda, sem medo algum da distância da praia, de peixe, ou qualquer outra coisa.

Íamos entrando e mergulhando, quando voltávamos à superfície levantávamos a mão cheia de areia, e cada vez mais se distanciando da praia.
Quando estávamos bem distante, ao mergulhar, o fôlego ia chegando no limite, avistando a areia no fundo, não tínhamos outra alternativa, tinha que forçar, não só para pegar a areia, mas também com os pés na arreia impulsionar a volta, senão era impossível, sem o impulso, voltar a superfície, tal era a profundidade.
Éramos destemidos, e nossa intimidade com o mar, como já disse, era grande.
Nunca aconteceu acidente fatal com qualquer um de nós, os que já partiram não foi em conseqüência de nossa brincadeiras.
Por isso volto a afirmar, tivemos uma infância e uma juventude, que só temos que dá graças a Deus.
Eita tempo bom.
Quantos que não moravam lá, mas sempre que possível estavam conosco, Walter Lima, Marú, primos de Carlito, Roberto Aranha, que moravam na Rua da Alegria; Kleber Mendonça, que morava na rua Nova; Geonaldo Arroxelas, primo de Roberto e morava no Poço; Arthur Justo que morava na rua Comendador Palmeira, em cima da Ladeira do Brito, e tantos outros.
Quanta saudade e quantas boas recordações.
Amigos irmãos avenidenses, meninos da avenida, nós fomos e somos privilegiados.

Abraços.


Paulo Ramalho – Membro efetivo dos Meninos da Avenida Novembro/09

sábado, 28 de novembro de 2009

TARDE DE MARÉ CHEIA NA AVENIDA DA PAZ por Paulo Ramalho

Tarde de maré cheia na Avenida da Paz, ou íamos pular da Ponte do Salgadinho, no lado da praia, ou íamos ao primeiro Trapiche, também pular nas águas do mar.

O Trapiche tinha quatro alturas diferentes para pularmos, a primeira era a plataforma, na grade do portão, que até a metade de sua altura, as tábuas de madeira que o formavam, eram no sentido horizontal, e daí para cima, eram no sentido vertical, nessa metade ficava o segundo ponto de mergulho.

O terceiro e quarto era no telhado de zinco, a cumeeira, o ponto mais alto, poucos se atreviam a pular, não só pela altura, como também pelo impulso que tinha de ser dado para cair distante, pois as pilastras de madeira da sustentação do trapiche, neste lado, que era o final, eram salientes para fora, e o telhado como chamávamos, era a parte mais baixa.

A novela começava para eu subir, como sempre fui muito gordo, era o maior sacrifício, necessitava da ajuda dos amigos, da grade para o telhado, era necessário que um amigo ficasse de cócoras no meio da grade, onde terminava as tábuas horizontais, eu colocava os pés nos seus ombros, e ele com muita dificuldade, em função de meu peso ia ficando em pé, para eu alcançar o telhado, onde tinha uma abertura, que nessa situação eu ficava com a cintura no nível mais baixo do telhado, e com um pouco de esforço conseguia subir.

Certa vez criei coragem e me atrevi a pular da cumeeira, cai de barriga e fiquei afundando e subindo a tona, foi quando os amigos perceberam e mergulharam e me seguraram com a cabeça fora d’água, até eu recuperar, não morri porque não era o dia. Não me amofinei, subi outras vezes e pulei, para não ficar com medo.

Além de nós da Avenida, vinham amigos da Praça Sinimbu, Rua do Uruguai, Praça Rayol, Praça Treze de Maio, Centro e até da Pajuçara.

Não vou citar nomes para não pecar por omissão, citarei apenas o do Marinho, Mário Ferrário, apelidado de Mário Doido, morava na Praça Sinimbu, era o menor em estatura, não sei se em idade, mas era um raio, tanto para subir como para pular, faz anos que não o vejo.

Quando estávamos satisfeitos do banho, começávamos a fazer batucada no zinco, até o vigia aparecer, vinha em um dos carrinhos impulsionado com uma vara, que deslizava sobre trilhos, e transportava sacos de açúcar do armazém até o final do Trapiche, e através de um pequeno guindaste, para as barcaças, seguindo para os navios que ficavam a certa distância da praia.

Quando notávamos que o vigia estava chegando, começávamos a cantar, o galo canta e o macaco assobia....................,pulávamos na água e íamos nadando até próximo as nossas casas.

Algumas vezes o vigia ia dedurar ao nosso Pai, que era Agente da Companhia Nacional de Navegação e Costeira, e o escritório era em Jaraguá, onde hoje é a Sede e Auditório da Asplana.

Dificilmente ele brigava, geralmente dizia a nossa Mãe, os seus filhos andaram mexendo com o vigia do Trapiche, nossa Mãe era quem dava a bronca.

Ficávamos muitas vezes ali mesmo nas proximidades do coreto, tomando nas ondas grandes, como chamávamos, expresso, que depois passou a ser chamado de jacaré , no peito e na raça, o que hoje é com prancha.

De vez em quando pegávamos um para vítima, tirávamos-lhe o calção, levava para avenida e pendurava numa amendoeira e íamos para casa.

As vezes aparecia uma alma bondosa e prestava socorro, quando não, o jeito era esperar anoitecer, se lambuzava na areia seca para disfarçar, e ia pegar o calção em cima da amendoeira, para poder ir para casa.

Era assim os meninos livres e felizes da Avenida da Paz, que na impossibilidade de voltar, nos consola as lembranças.

Hoje pais de família, a maioria avós, e que nem os filhos nem os netos tiveram ou terão infância igual a nossa.

Deus seja louvado.

PAULO RAMALHO – novembro/09