quinta-feira, 24 de julho de 2008

NOVA LISTA MORADORES AVENIDA por Ronaldo Cardoso

O Carlito entregou-me esta lista de moradores da avenida feita por Ronaldo Cardoso.
Fotografei as páginas manuscritas . Se tiverem comentários enviem prá mim, se conseguirem entender a letra, claro,,.
Clicando em cima da página (foto), ela aparece maior e nítida.
Depois é só
voltar com a seta <--.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

MENINOS NA TV - copiado do Blog do Mozart


Domingo, 6 de Julho de 2008
SEGUNGA : 07/07/08 - 00h01m - CÂNDIDA PALMEIRA HOJE NO "BARTPAPO"
Hoje, meio dia, vc. tem compromisso conosco

MARIA CÂNDIDA, na Tv Mar - Canal 35 da BIG TV - Programa "BARTPAPO"

RECADO
DE
RICARDO
PEIXOTO:


Ricardo Peixoto: domingo, 6 de julho de 2008 21:30:53
Para: mozart cintra (jmozartcintra@hotmail.com
Meu caro Mozart, Achei maravilhosa esta iniciativa de juntar "os meninos da avenida" num programa de TV e senti imensamente não ter podido estar presente, mas na minha próxima ida à Maceió, vou dar um geito de coincidir a data com a mesma do almoço mensal. Com um forte abraço do amigo, Ricardo Peixoto
Em tempo : Gostaria de uma gentileza da sua parte de dar um abraço em Geraldo Câmara, pesoa que tive uma boa convivência em Recife e em Natal, quando êle morava lá.

DOMINGO : 06/07/08 - 11h05m - O QUE FOI O "ALMOÇANDO COM A NOTÍCIA", NA TV MAR/CANAL 35 DA BIG TV, ONTEM...
Não vou falar. Não vou comentar. Quem vai falar é Américo José Peixoto Lima, "Lelé". Depois que vcs. lerem o depoimento dele, eu vou destacar alguns "registros" da nossa reunião no programa do GERALDO CÂMARA, "Almoçando com a Notícia", na TV MAR, Canal 35 da BIG TV.

Meninos da Avenida na TV‏
De: AMERICO JOSÉ PEIXOTO LIMA - Lelé
Enviada: domingo, 6 de julho de 2008 0:56:53
Para: mozart cintra (jmozartcintra@hotmail.com);
Grande Mozart Parabéns. Sinceramente, V. e Carlito deram mais que o recado. Conheço um pouquinho do assunto, Beth é da área. Não é fácil botar 12 pessoas na mesa para entrevistas. O resultado foi ótimo. O depoimento do Tonho foi antológico. Qualquer Bonner da vida ficaria satisfeito de captar tanta sinceridade numa televisão. Realmente Parabéns. Serginho Nobre parece que gravou o programa. Mandarei cópia do DVD para nossos amigos que não puderam participar. um grande abraço Lélé

ALGUNS "REGISTROS":
CARLITO LIMA, o grande chefe e o "Comandante" do encontro
TONHO, o depoimento mais contudente e expontâneo.

OS QUE FORAM PELA 1ª VEZ À REUNIÃO:
Mardem Bentes
Lívio Wanderley
Cézar (irmão do MELÉ)

O "CRISTO" DO ENCONTRO
ALBERTO NONÔ LIMA, o "CUCA"
Tudo que era de sacanagem, que foi contado no papo, sempre terminava com o filho do seu Albérico Nonô - Professor "Beu" - e de dona Santina. Fiquei sabendo que o "Cuca" dormiu ontem na casa do primo (Carlito Lima). Wilmene, sua esposa, filha do Dr. Segismundo e da dona Enaura não deixou ele entrar em casa. Era isso, ou uma semana hospitalizado com o "cacête" que ele levaria se teimasse em explicar os "causos".



O programa foi ao ar ontem, às 13 horas, mais ou menos. Terminou um pouco antes das 15 horas. Foi reprisado entre 21 e 22 horas de ontem, às 5 da matina de hoje e as 12 hs e 19 hs também será levado ao ar. Será reprisado, pela última vez, às duas horas da manhã desta segunda-feira, dia 7. Como falei: MAIS OU MENOS nesses horários. Por via das dúvidas, ligue o Canal 35 da TV MAR, na BIG TV, UMA HORA ANTES dos horários acima e assista a um bom programa!

Sábado, 5 de Julho de 2008
SÁBADO : 05/07/08 - 06h28m - "ALMOÇANDO COM A NOTÍCIA" com MOZART CINTRA & CARLITO LIMA, HOJE, ÀS 12 HORAS, NA TV MAR/CANAL 35 - BIG TV
Logo mais, perto de meio-dia, o programa "ALMOÇANDO COM A NOTÍCIA". O assunto de hoje, ficou por conta da turma da Avenida da Paz. "Os Meninos da Avenida", tiveram o seu encontro mensal (1ª quinta-feira do mês) registrado pelas câmeras da Tv Mar - Canal 35 da Big TV, lá no "Memorial da República", cedido especialmente pelo secretário Oswaldo Viegas. A época, os anos 50 e 60. O que saiu lá, só você ligando hoje o Canal 35 na Big TV, 12 horas, para saber. Mas, na TV MAR você tem uma vantagem à mais do que nas outras: seus principais programas locais são reprisados a cada 7 horas, na sequência de 24 horas após a primeira exibição. No caso do "Almoçando com a Notícia", suas reprises se estendem até a madrugada de segunda-feira. Portanto, se hoje, por algum motivo, você não puder assistir o programa no horário, 7 horas após o seu término, ele é reprisado. A propósito... Lelé me avisa que o restaurante "SIRI MALUCO"estará com um telão ligado no Canal 35 da TV MAR, a partir das 11:20hs. A seguir, apresento-lhes os principais pontos (aspectos) do PROGRAMA.
(Obs. Atentem para o "show" de efeitos...não é montagem)


LUCIANO BARBOSA DIRETOR-PRESIDENTE DA TV MAR CANAL 35 GERALDO CÂMARA APRESENTADOR LICENCIADO DO PROGRAMA "ALMOÇANDO COM A NOTÍCIA"

A EQUIPE TÉCNICA


Esron"REIS" - Diretor de TV
"Pachequinho" - Caracterização
Pedro Val (Câmera)
"Faísca" (Câmera)
Denison Carlson (Corte)

O LOCAL: "MEMORIAL DA
REPÚBLICA" na AVENIDA DA PAZ
SUELY BANDEIRA, ASSESSORA DO "MEMORIAL DA REPÚBLICA"
OS APRESENTADORES:

MOZART CINTRA & CARLITO LIMA










O
LÍDER DOS "MENINOS DA AVENIDA":
´"LELÉ (Américo José Peixoto Lima)
A TURMA: "OS MENINOS DA AVENIDA"

"TINHO BENTES"
ADILSON"CUÍCA"
CÉZAR
WALDO WANDERLEY
QUICO RAMALHO
LÍVIO
ALBERTO NONÕ
TONHO
MARDEM BENTES

O ALMOÇO SERVIDO: "BUFFET PAJUÇARA"
(43 anos no mercado) "...o bom gosto da sua festa" de GERALDINHO GONÇALVES

GERALDINHO
ROMILDO

UMA VISÃO PANORÂMICA DA MESA
DO ENCONTRO



Cobertura Fotográfica:
VERA CAMPOS

segunda-feira, 30 de junho de 2008

encontro com HELIO FONTES ( 19-6-2008)









COMPARECERAM NO PICUI DE SEU PADUA:




Hélio Fontes,Quico, Lelé, Carlito, Paulo , Tonho, Tinho ,Cuca e Helson (irmão de Helio - filho do Dr. Homero).




sexta-feira, 20 de junho de 2008

COADJUVANTES DA AVENIDA por Cuca Nonô




Nego, conforme lhe prometi, tentarei lembrar-me de alguns coadjuvantes de nossa inigualável infância, LA VAI


De princípio desejaria dar um roteiro às pessoas lembradas, embora em sua grande maioria pertencessem à mesma época;

SENHOR PRIMITIVO era o afamado sorveteiro que todas as tardes vinha com sua carrocinha gritando “olha o sorvete”, os sabores eram sempre em dupla, coco e goiaba, coco e maracujá, coco e abacaxi etc., mais sempre tinha coco que pelos coqueirais existentes não tinha como faltar, tinha um chapéu de feltro preto e a meninada adorava tanto os sorvetes como sua pessoa sempre tranqüila que quem não tinha grana, pagava depois, mais nunca deixamos de fazê-lo.
(NOTA DE LELÉ: o carrinho de sorvete – o melhor de côco do mundo – era vermelho )

PAPA MÉ era um doido que em sua primeira aparição na avenida foi genial; estavam trepados na amendoeira junto ao Salgadinho na maior algazarra, Emilio, Alberto Cardoso, Waldo e Fael Perelli, quando foram repreendidos por um senhor de paletó e gravata, alto, moreno claro que se apresentou como novo fiscal da Avenida da Paz, repreendendo a turma, chamando-os de moleques, fez todos descerem da amendoeira e limparem todas as folhas que estavam no chão, a turma surpreendida e temerosa obedeceu e levou uma senhora bronca, tendo o mesmo afirmado que se os pegasse novamente sujando a via pública os prenderia.
O fato foi relatado ao resto da turma a noite, mas dias após, não me lembro por quem, soubemos o fiscal era o doido PAPA MÉ. Foi uma gozação geral nos moleques limpadores de folhas. Depois desse notável fato, passamos a conviver com harmonia com o PAPA MÉ que era culto e bom de papo.
(NOTA DE LELÉ: Papa Mé morou uns tempos numas tubulações de saneamento junto ao Salgadinho. Quando li Diógenes, me lembrava dele, que também morava num tonel em Atenas, e andava com uma lamparina procurando UM HOMEM. Foi um dos primeiros CÉTICOS. Como Papa Mé também vivia mendigando. Este também era filósofo, esculhambava com as autoridades, mas era brabo também, deu algumas carreiras na gente.)

SENHOR FORTES vivia em uma casa entre o mangue e o Salgadinho num sitio de coqueiros que era de sua propriedade, tendo como companhia mais de vinte vira latas. A turma além de sistematicamente roubar os cocos de seu sítio infernizavam o velho que corria com a cachorrada atrás dos meninos com um guarda chuva em punho. Também não era bom da cabeça e nunca houve uma trégua, até a sua morte.

SR. LUIZ POLICARPO era meu grande protetor e amigo. Tomava conta da casa de Dr. Homero Galvão, ilustre advogado e homem de muitas posses.Também trabalhava com ele o nosso Tonho. O Luiz era irmão de Marina que criou Guilherme, Ricardo e Felipe Braga. Fazia de tudo na casa de Dr. Homero e sempre vivia as turras com a turma, face os roubos de manga e galinhas, que eram nossas atividades corriqueiras; mais tinha uma aversão especial com os filhos do General a quem chamava de neguinhos; Socorrinho tinha ódio ao Luiz.
Com o passar do tempo fez amizade com o Clailton e comprava as cadeiras de ferro que subtraiamos das casas de prostíbulo, principalmente da Railda, no Tabuleiro e trazíamos no “Guerreiro”, nome dado ao meu afamado Jipe Willams, dinheiro que servia para custearmos nossos cigarros e farras. Eu sempre aparecia de bom moço, principalmente porque o mesmo tinha um medo danado de mamãe; em sua casa e na garagem da mesma era um dos pontos de encontro da turma e ele sempre nos ajudava no possível, como conserto nos campos de botão, fazia nossas tetéias para pescar síri etc.
Porém, tinha uma idolatria a Maria Tereza, filha do Sr. Homero, que vivia no Rio de Janeiro e vinha em férias de cinco em cinco anos, tendo sofrido muito por isso, na ocasião do inventário dos bens do Dr. Homero, a referida senhora juntamente com o marido determinou que o Luiz desocupasse sua casa em trinta dias, sem qualquer compensação financeira, mesmo tendo o mesmo dedicado toda sua aquela família.
Nessa ocasião, eu tinha passado no vestibular de Direito, tendo sido, portanto a minha primeira causa. Encontrei o Luiz desesperado, chorando compulsivamente, pois não tinha para onde ir, mas não queria desagradar a Maria Tereza.
Com minha cara de pau, fui procurá-la juntamente com o marido e depois de muita briga, afirmei que o Luiz somente sairia dali para uma das duzentas casas que pertenciam ao seu falecido pai, e que a mesma seria passada em seu nome, senão iria aos jornais e denunciaria a mesma.CONSEGUI; o velho Luiz recebeu uma casa no poço, onde viveu até a sua morte e nunca mais quis saber da Maria Tereza.

SR.RODOLFO E D. SANTINHA tinha um casebre atrás da casa dos Perelli, era um velho pescador, a turma os adorava, pois nos ensinou a arte da pescaria e tocava violão; foi onde tomamos as primeiras tragadas, vez que ele, como um bom pescador bebia um bocado e mentia bastante. Era outro ponto habitual de encontro da turma, tanto a maior como os menores, também era lá nossa dispensa das frutas tiradas nas redondezas, principalmente na casa da D. Maristela e do Dr. Gazzaneo, das penosas requisitadas nas casas de tia Zeca, Dr. Segismundo, Sr. Milton entre outras.
Foi o local de nossas primeiras farras, nossas primeiras pescarias, a turma deveu muito ao velho pescador e sua humilde mulher.
Mamãe tinha raiva do velho porque descobriu a sua malandragem em colocar areia da praia dentro dos peixes para pesarem mais e também, juntamente com as outras mães pela assiduidade com que freqüentávamos o seu barraco.
(NOTA DE LELÉ: Foi na casa de seu Rodolfo a nossa iniciação à boemia: cachaça, tira-gosto de D.Santinha e o vozeirão de Seu Rodolfo “Ó linda imagem de mulher encantadora. És malandrina...” )

SEU NELO proprietário da afamada venda da esquina, onde abastecia toda a nossa área. Não podia dar mole, sempre carrancudo, não vendia fiado a turma, mais possuidor de um grande coração, pai de Zito, Mi, Diná e Manoel, tendo dado uma excelente criação a todos com a sua venda, onde viveu até a morte, sempre no batente.
Recordo-me que era bom de papo e mantinha seu estabelecimento sempre bem surtido, nada faltava da venda do seu Nelo.
(NOTA DE LELÉ: Quando a gente voltava do Rex passava no seu Nelo pra tomar cachaça com Cinzano)

MARIA foi uma das pessoas mais bonitas que já conheci. Na época, criou todos os filhos do velho Segismundo e D. Enaura, mais tinha uma cisma comigo, por dois acontecimentos, primeiro ,ao deparar-se comigo na esquina da casa do Dr. Paulo com sua galinha de estimação debaixo do braço, requisitada que fora, para um tira gosto, fato que nunca se esqueceu.
Tempos depois, quando estava de namoro com Wilmene, me viu no Jipe com uma jovem e, a partir daí, ficou cismada até nos reconciliarmos por ocasião de meu casamento.

GRAPETE foi empregado do Sr. Jorge Barros, mas integrou-se totalmente a nossa turma, sendo uma pessoa sempre alegre, prestes para toda obra, inclusive , consertava nossas bicicletas; mas o que mais nos lembra era o tamanho descomunal de seu pinto, face a brincadeira quando criança, de amarrar num tijolo e arrastar como um carro, dando a absurda dimensão que tinha. Perdemos totalmente o contato com ele, ninguém sabe notícias.

Além desses magníficos coadjuvantes, lembro-me ainda do TONHO DO PÁDUA, do PAULO DO DR. HOMERO, DO CATREVAGEM , dentre outros.
Espero ter contribuído com algumas lembranças de um tempo bem diferente do atual.

(NOTA DE LELÉ: tem mais, cuca, MANÉ SAPINHO, por exemplo, que imitava tudo que era animal, e vivia nos meios “artísticos”. Quando eu morava em Recífilis fui a um circo cuja uma das atrações era um mexicano cantando bolero. Não é que chega Mané com bigodão e sombrero cantando Besame Mucho. Na galera gritamos: “Sapinho fio de uma égua, você é mexicano de Maceió”. Ele passou tempão puto comigo... e havia outros, como ARISTON, que tocava o Hino Nacional soprando no braço...)

CUCA em 08.06.2008
,

segunda-feira, 5 de maio de 2008

UM INESQUECÍVEL CARNAVAL por Carlito Lima

General Mário Lima foi uma das figuras marcantes do século passado no Estado das Alagoas. Desde os tempos que saiu da Escola Militar de Realengo em 1930 teve um relacionamento de amor e cidadania com a sociedade alagoana. Sua carreira militar foi repleta de feitos e de lutas. Participou ativamente em lutas armadas, como a revolução Constitucionalista de 1932, quando partiu com a tropa do 20º BC para lutar no Vale do Paraíba em São Paulo e tornou-se herói daquela guerra entre irmãos. Sua vida militar foi quase toda dedicada aqui no Estado de Alagoas, onde serviu no 20º Batalhão de Caçadores desde tenente até sua aposentadoria como general. Serviu em poucos lugares do Brasil: Lorena, Rio, Recife e USA se preparando para a II Guerra, quando chegou a paz.
Meu pai foi de uma dedicação extraordinária à sua comunidade. Além de oficial do Exército e por certo tempo Comandante da Polícia Militar, foi presidente do CRB, da Fênix , da Federação Alagoana de Desportos, juiz de Futebol, Provedor da Santa Casa, Diretor do Orfanato São Domingos, Lions , Rotary, diretor da TELASA, professor, escritor, membro do Instituto Histórico, intelectual, historiador e outros tipos de participação, de cidadania..
Fatos marcantes me ficaram gravados, principalmente nos anos 50 em que ele era comandante do 20º BC, e o governador do Estado, Silvestre Péricles; um homem honesto mas altamente arbitrário, violento, ditatorial.

O General Mário Lima escreveu um livro, SURURU APIMENTADO, onde narra histórias de um tempo de violências nas Alagoas. Documento histórico da época dos Góes Monteiro.
Em um capítulo dos mais interessantes ele conta fatos com a família do deputado Oséas Cardoso. Fatos esses que também ficaram gravados na mente daqu
ele menino de 10 anos, testemunha de alguns acontecimentos aqui narrados por essa criança, buscados no livro de seu pai e em sua memória.
Num final de tarde de janeiro do ano de 1950, meu pai chegou em casa comovido, abalado, contando a tragédia que havia acontecido na farmácia Pasteur, Rua do Comércio, no centro da cidade, quando numa briga com os irmãos Pinho (ligados ao Governador Silvestre Péricles de Góes Monteiro), o deputado Oséas Cardoso atingiu mortalmente com um tiro de revólver um dos irmãos, Policarpo Pinho.
A partir desse episódio Alagoas tornou-se notícia em todos os jornais do Brasil, e pronunciamentos na Câmara e Senado, inclusive do Deputado Aurélio Viana, testemunha ocular do episódio, declarou na tribuna que o deputado Oséas Cardoso tudo fez para evitar aquela desgraça. Matou para não morr
er.
A Assembléia não deu licença para processar o deputado. Oséas resolveu se afastar de Alagoas por algum tempo.
Conta Mário Lima no Sururu Apimentado: “Na sexta-feira, 17 de fevereiro, anterior ao carnaval, quando a cidade se preparava para as alegrias momescas, uma notícia inquietadora sobressaltava a população ordeira de Maceió. Cerca das 12 h., um grupo de indivíduos assaltou a Pensão Aurora, residência e meio de vida do Sr. João Paes Cardoso, progenitor do deputado Oseás Cardoso, resultando dessa agressão o assassínio do velho Cardoso e ferimentos nas suas filhas Marieta e Nair. Boatos contraditórios e alarmantes encheram a cidade de apreensão, pois foi constatado que os agressores eram pertencentes à Força Pública do Estado. A Rádio Difusora, do governo estadual, dava a notícia com o título “um bandido que morre “, entremeados de músicas carnavalescas. “
Nessa mesma tarde, o coronel Mário Lima encontrava-se no expediente no 20º BC, quando chegaram em minha casa na Rua Silvério Jorge 290, aflitos e temerosos, os irmãos José, Edson e João Cardoso. Assim que soube, meu pai
voltou imediatamente, e encontrou os irmãos que pediam garantia de vida, estavam ameaçados e caçados por elementos do governo estadual.
O Coronel Mário Lima resolveu assumir pessoalmente a responsabilidade de garantia de vida dos irmãos Cardoso. Alojou-os em nosso quarto. Eu e meus irmãos dormimos por algum tempo em outros quartos, colchões no chão. Meu pai preferiu não envolver o Exército nesse caso político e de segurança estadual. Os irmãos Cardoso ficaram no nosso quarto, não saíram sequer para o enterro do pai no sábado de carnaval evitando choques imprevisíveis.

No domingo de carnaval toda família foi para a matinée infantil do Clube Fênix Alagoana. Minha mãe, festeira, nos dias de carnaval fazia alguma fantasia para os filhos, comprava lança-perfume Rodhouro e deixava a meninada cair no passo feliz da vida. Como garantia, os irmãos Cardoso ficaram na casa vizinha do Dr. Balthazar de Mendonça, parente dos Cardoso, onde hoje é o Restaurante “Flagrante Delitro”. Os quintais das casas eram separados apenas por uma cerca.
Quando acabava a matinée infantil, apareceu um cidadão apavorado informando a meu pai que um grupo carnavalesco fantasiado de cangaceiros estava em frente a nossa casa com intuito de fuzilar os irmãos Cardoso, pois havia presidiários, cabras, jagunços com armas verdadeiras. Meu pai imediatamente se dirigiu à nossa residência. Encontramos um alegre grupo de cangaceiros cant
ando, bebendo e olhando para o interior da casa. Meu pai se aproximou, dialogou com eles, deu alguns trocados para uma cachacinha, e ordenou para o grupo debandar.
Quando entramos, atrás de cada coluna da varanda lateral, junto ao jardim, escondia-se um dos irmãos Cardoso com arma em punho, preparados para matar ou morrer. Quase que a casa aonde nasci tornava-se palco de mais uma tragédia alagoana.
Na quarta-feira de cinzas houve uma comovente cena: as irmãs feridas saíram sigilosamente do hospital e foram se despedir dos irmãos que embarcavam para Aracaju num teco-teco, deixando nossa casa, uma providencial e acidental guarida. Assim foi o carnaval de 1950, um inesquecível carnaval para aquele menino de 10 anos.

DIOCESANO por Carlito Lima



Somos o produto do meio, de nossa educação, de nossa gênese. Cinco instituições básicas tiveram maiores influências em minha formação: 1-Minha família, 2-As ruas e praias de Maceió da minha infância livre e solta, 3- O Colégio Diocesano, 4- O Exército Brasileiro e 5-A Boemia. Embora um tanto rebelde e contestador como todo jovem, aprendi muito com os ensinamentos e caminhos mostrados por essas entidades que fazem parte de meu ser.
Uma delas, O Colégio Diocesano, completa nesse ano da graça de 2005 seu centenário. Meu amigo Petrúcio Codá enviou-me um e-mail acerca do Colégio dos Irmãos Maristas, no qual tomo um bigu.

Na abertura das aulas do 1º ano colegial, em 1955, o “lente” da turma, Irmão Bráulio, lembrou a todos alunos, que aquele ano era um ano de glória, pois o Colégio Diocesano completava 50 anos de fundação. Muitas festas estavam programadas inclusive uma passeata, um desfile militar pelas ruas da cidade como parte da comemoração do cinqüentenário. Os candidatos para a banda marcial deviam procurar o Irmão Rodolfo. Tocar na banda era privilégio, principalmente naquele ano de festas. O Diocesano voltaria a desfilar também no dia da Emancipação Política de Alagoas, dia 16 de setembro. Havia 4 anos que nosso colégio não desfilava nessa parada, o que muito entristecia os alunos.
Afinal houve os primeiros ensaios da banda com alguns alunos voluntários, hoje figuras conhecidas das Alagoas: Petrúcio Codá, Betuca Lima, Oscar
Cunha, Geraldo Bulhões, João Sampaio, Breno Cansanção (Arroz Doce) entre outros. Havia também o João Paulo, filho do Coronel Bina Machado comandante do 20º BC, que destacou um cabo corneteiro para ensaiar a banda. Nos primeiros ensaios, o Irmão Rodolfo, acompanhou de perto todos os treinamentos, e fez uma recomendação peremptória, com ameaças de expulsão:
- “Quero avisar aos compone
ntes da banda marcial, que está terminantemente proibida de tocar, quer nos ensaios, quer no dia do desfile, o dobrado conhecido vulgarmente como “Cortar Cebola”.
Foi uma enorme frustração para os componentes da banda, verdadeiros artistas dos dobrados militares, que tinham o “Cortar Cebola” entre os melhores dobrados: Alvorada, Major Gastão, Floriano Peixoto, e outros tantos . O “Cortar Cebola” era preferência dos estudantes, músicos, do fã clube feminino e do povo de Maceió. Fácil de aprender, de executar, bonito, vibrante, e era o único que podia ser cantado. Exatamente por isso o belo dobrado foi proibido. Um autor anônimo colocou uma letra que caiu na aceitação popular e era cantado nos quatro cantos da província de Maceió quando iniciava a segunda parte do dobrado:
“Eu fui pra mata...Cortar cebola...Errei a faca...e cortei a rola....”
Os componentes da banda fizeram pressão, pediram, suplicaram. Não adiantou. Não conseguiram tocar o dobrado “Cortar Cebola” nem nos ensaios.
Naquele ano o uniforme do Colégio Diocesano teve uma radical e moderna mudança, coisa de vanguarda: Foi adotado como uniforme a calça “sem cinto” em tropical azul marinho. Era o famoso “cós argentino”, a grande e censurada novidade da moda masculina na época. Completava uma camisa branca com um escudo, sapatos pretos e um casquete estilo Fuzileiro Naval no mesmo tecido da calça.
Assim o Diocesano desfilou garbosamente nas ruas centrais de Maceió no dia de seu cinqüentenário, 6 de junho de 1955. Houve várias festas, come
morações, palestras, competições. A prática do esporte no Diocesano era incentivada. Nas tardes havia o campeonato de futebol entre as classes. O campo era o enorme pátio com oitizeiros que faziam parte da jogada, a bola podia bater nas árvores ou nos muros laterais continuava o jogo, era como bola na trave.
Petrúcio Codá termina seu email fazendo um apelo, uma sugestão:
“Que nas comemorações do centenário se promova um desfile comemorativo e que nós, velhinhos transviados da década de 50, possamos também participar, quem sabe formando o pelotão “Cortar Cebola”. Aproveitaríamos para homenagear o antigo Diocesano, suas tradições, seu corpo docente. Saudar os Irmãos do cinqüentenário: Rodolfo, Luis Pascal, Luis Barreto, Eugênio, Silvino, Bráulio, entre outros.
Só assim mataríamos a saudade do velho casarão da Rua do Macena. Dos oitizeiros do campo de futebol. Do porteiro Seu Luis Camões.
Dos livros didáticos da Editora FTD. Das canetas-tinteiros marca Esterbook. Do terço rezado diariamente às nove da manhã em todas as salas de aula. Da benção do Santíssimo rezada pelo padre Hélio na última sexta-feira do mês. Do Canto Orfeônico. Do jogo de espiribol. Das missas aos domingos. Da Cruzada Infantil. Da Congregação Mariana. E de tantas cousas boas e salutares daqueles tempos.”
Concordo com o Petrúcio e acrescento: Das paqueras no Colégio São José e Sacramento. Dos recreios. Das ximbras e piões. E as histórias do Museu, hein?
Ficam as sugestões para a comissão organizadora do centenário. Alguns ex-alunos estão se movimentando como Glênio Guimarães, Jaime de Altavila. Participei do cinqüentenário, quero celebrar o centenário do Diocesan
o/Marista, celeiro de muitas cabeças coroadas das Alagoas.

P.S.1- Quem tiver histórias do Diocesano-Marista favor me enviar por email ou 99810199.
P.S.2 – Na foto cinqüentenária(27/10/55) gentilmente cedida por Marinalva Lima, viúva do saudoso cirurgião plástico José Costa Lima: 1ª Fila: Fernando Tourinho,Odon Cedrim, Adalberto Câmara, Jarbas Cerqueira, Chico Reis, Roberto Von Sósthenes. 2ª Fila: Afrânio Lages, Alberto Carnaúba, José Lima, Renato, Leonardo, Geraldo Lima, Otávio, Emerson, Cleomenes. 3ª Fila: Carlito, Ayrton Lessa, Mauro Jorge, Pascoal Savastano, Hamilton Bahia, José Rocha, Nery Fireman, Nilson Cerqueira. Sentados (os peixinhos do Irmão): Nilson Lira, Ib Santiago, Denis Barbosa, Irmão Bráulio, João Almeida, Jadson, Manilton Calumby. Faltaram: Carlos Fortes e Edmilson. Notar as calças “sem cinto”.
P.S.3- Amanhã 27 fev, como todo bom menino, estarei comemorando meu aniversário, 65 aninhos. No Acarajé do Alagoinha, praça Gogó da Ema, a partir das 10 horas receberei os amigos para uma cerveja com acarajé.
P.S.4- Participem da campanha de fomento à leitura: “Dê livro (nem que seja do sebo). Um presente para toda vida.”

ACABOU NOSSO CARNAVAL por Carlito Lima

Eu morava fora de Maceió, mas sempre achava uma maneira de vir no carnaval. Seja em férias, licença ou feriado. Os carnavais eram de uma animação e de um alto astral que fazia bem ao espírito, aumentava a alegria de viver de cada um de nós, mancebos e mancebas de uma terra bonita, onde todos se conheciam, se amavam. No carnaval a ordem era cair no passo, dançar o frevo, sambar, se esbaldar, curtir, namorar.
A temporada carnavalesca começava com o Baile de Máscaras logo após o ano novo. Baile chiquérrimo, com fantasias e máscaras obrigatórias ou traje a rigor. Muitos senhores vestiam seus smokings. Os foliões pulavam até o Sol raiar.
Enquanto esperava o carnaval chegar, n
os sábados havia festas pré-carnavalescas: Noite no Hawai, Preto e Branco, Baile Tricolor. Os surdos e tamborins começavam a esquentar nessas festas, onde a paquera era escancarada. Início e término de muitos namoros. Os mais sabidos entravam solteiros no carnaval.
No domingo antes do carnaval a
contecia o Banho de Mar à Fantasia. A Avenida da Paz ficava apinhada de foliões. A C.O.C. organizava concurso de fantasias, blocos e críticas (sempre bem humoradas malhando o governo ou nossos costumes). Destaque para uma turma irreverentíssima formada por: Rubem Camelo, Alipão, João Moura, Napoleão, Bráulio Leite, Vadinho, Santa Rita. O Fusco dava seu show particular, além do Tarzan e senhora.
Durante a quinzena anterior ao carnaval, a Prefeitura organizava uma animada Maratona Carnavalesca toda noite no Comércio, com corso e muito frevo. Os carros desfilavam com as meninas sentadas nos pára-lamas d
os carros, jipes e caminhonetes abertas. Saltávamos nas esquinas onde havia uma banda tocando o frevo. Ali se misturava a burguesia, a classe média com o povão, os estivadores, as empregadas, soldados, pedreiros, lavadeiras e putas. A Maratona só terminava quarta-feira de cinzas.
O carnaval iniciava no sábado de Zé Pereira. Depois do corso tínhamos duas opções para os clubes: CRB ou Tênis. No domingo além da matinal da Fênix havia à noite o Baile dos Marujos no Iate ou o Baile da Fênix.
Certa vez coincidiu meu aniversário com o último dia de carnaval. Nessa terça-feira a Escola de Samba Unidos do Poço animava a matinal da Fênix. Depois da matinal levei alguns amigos para casa. Minha mãe concordou na maior animação. Era uma festeira. Comandei a bateria da Unidos do Poço, sambando pela Avenida até minha casa. Comemoramos meu aniversário até o anoitecer ao som dos tamborins. Era o início da despedida do carnaval.
Ainda agüentei ir ao corso depois de tomar um banho. Estava cansad
o, com medo de não agüentar o restante do último dia, quando Paulo Sá me viu naquele estado, cochichou no meu ouvido: “Levante-te Capita, vamos até ali”. Entramos num bar na Rua da Praia. Paulinho pediu um copo d’água, deu-me uma pílula vermelha com recomendação: “É um energético para recuperar o cansaço, uma pílula milagrosa!”
Chegando em casa recomendei que me despertasse à meia-noite, estava com medo de perder a última festa. Quando a empregada foi me acordar, eu já estava pronto de banho tomado, vestido com um macacão. Dormi um pouco, meus lábios formigavam, estava recuperado, zerado, disposto a cair no carnaval.
Pensei na pílula do Paulo Sá, vá ser milagrosa assim na p.q.p.


O Baile havia começado tocando marchinhas bonitas para alegrar o
coração dos foliões. Eu dançava nas cadeiras, no salão, em todos lugares. A festa foi se animando com muita mulher bonita. Até que lá para três da manhã o presidente Dr. Ardel Jucá anunciou o folião do ano, escolhido por unanimidade. Fiquei surpreso quando falaram meu nome. Com muitos aplausos recebi o prêmio oferecendo à milagrosa do Paulo Sá. Havia quebrado uma tradição de vários anos, quando Pitão e Ednor Bitencourt se alternavam no prêmio de folião do ano.
A festa continuou até o Sol raiar. Finalmente a orquestra desceu do palco tocando, deu várias voltas no salão até se dirigir e conduzir a multidão para praia onde continuaram dançando e cantando: “É de fazer chorar...quando o dia amanhece...e obriga o frevo acabar...Oh! quarta-feira ingrata...c
hega tão de pressa só pra contrariar...” O carnaval terminava com um banho de mar com a fantasia suada e cansada. Yemanjá a tudo assistia e abençoava com alegria.
Jovens alegres, molhados, cansados, deitados, esparramados embaixo das amendoeiras da Avenida, sentia saudade daquele carnaval que findava. Alguns de mãos entrelaçadas, abraçados, outros se beijavam. Quico e Alice, namoro de carnaval. Socorrinho e Clailton namoro antigo. Um bando de jo
vens bonitos e felizes se reunia aos poucos: Bebete, Lourdinha, Ângela, Zito, Nia Malta, Vladimir e Guilherme Palmeira, Uchoa, Bárbara, Lelé , Salete Toledo, Vadinho, Frazão, Teca, Vânia, Carmen, Bethânia, João, Ana Amélia, Suely, Martinha, prima que ti quiero prima. Todos unidos pelo cansaço e pela saudade da folia que havia terminado. O que nunca se acabou foi o carinho, a amizade de todos nós.
Certa hora alguém falou em tomar café e uma saideira na casa
de Dona Zeca. Levantamos, andando devagar feito o Exército de Brancaleone. Alguns descalços, outros sem camisa, namorados de mãos dadas, amigos abraçados. O dia estava claro, o mar e o céu passavam do alaranjado da madrugada para o azul-esverdeado, brilhante de uma luminosa manhã de quarta-feira de cinzas.
No lento andar, Vladimir iniciou cantando a marcha da quarta-feira de cinzas, e todos nós acompanhamos como se fosse uma premonição. Nem ale
gres, nem tristes, sabíamos que alguma coisa estava para acontecer, deu uma sensação de perda. Alguém chorou sem saber o por quê. De mãos dadas cantamos com o coração, perambulando pela Avenida: “Acabou nosso carnaval...Ninguém ouve cantar canções...Ninguém passa mais brincando feliz...E nos corações saudades e cinzas foi o que restou...E, no entanto, é preciso cantar, Mais que nunca é preciso cantar ...e alegrar a cidade...”
Aquele tinha sido o último dos nossos carnavais.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O REI MOMO LUIZ RAMALHO por Paulo Ramalho


No dia ll de fevereiro de 2001, foi conferido, in memorian, ao nosso pai Luiz Ramalho de Castro, a Comenda da Ordem do Pinto, no grau de cavalheiro, pelos serviços prestados à preservação de nossas raízes, assinada por Eduardo Silvio Sarmento de Lyra, Herman Braga de Lyra Júnior, Marcial Lima e Marcos Davi de Melo, os dois primeiros, primos por nosso lado materno.


Ele nasceu em Coruripe, no dia 05 de setembro de 1895, completaria 113 anos este ano, se vivo estivesse.



Foi casado com Benedita Prazeres de Castro, pai de onze filhos e trinta e seis netos.

Durante muitos anos de sua vida foi agente em Maceió, da Companhia Nacional de Navegação Costeira.



Folião nato dos carnavais de Maceió.


Foi sócio contribuinte do Clube de Regatas Brasil, parte social, Iate clube Pajuçara, Jaraguá Tênis Clube e sócio proprietário remido do Clube Fênix Alagoano, que o lançou primeiro Rei Momo do carnaval de Maceió, em 1958, tendo como rainhas, Nildinha Perrelli e Mailda Azevedo, e como vassalo Carlito Lima.


Nildinha, cunhada de nosso irmão Amaury, amiga irmã de infância, Mailda prima-irmã, filha de nossa tia Luzinete, irmã de nossa mãe, e Carlito Lima, amigo de infância e irmão por adoção.


Residia na Avenida da Paz número 1200, palco dos banhos de mar a fantasia que ocorria naquela época, no domingo que antecedia o início do carnaval, e aquele endereço era parada obrigatória da grande maioria dos blocos que desfilavam, principalmente dos grupos fantasiados, bastante comuns naquela época.


Participava de todos os bailes de carnaval dos Clubes que era sócio, às vezes formando bloco com os filhos, os sobrinhos e amigos.



Em um carnaval, nossa mãe Benedita, estava no Rio de Janeiro, e ele não queria perder o baile, idealizou uma fantasia, levando em uma das mãos, uma tabuleta com a inscrição:



BLOCO EU SOZINHO, ANTES SÓ QUE MAL ACOMPANHADO”, e não perdeu a festa.



Era assim o saudoso e querido folião LUIZ RAMALHO.



Maceió, 27/03/2008.



Paulo Ramalho.

segunda-feira, 3 de março de 2008

JOGO DE BOTÃO por Lelé

Semana passada rolou aqui em Maceió um torneio de Futebol de Mesa da regra chamada 12 toques. Esta regra é descrita no site de recomendação dos meninos no nosso Blog : http://www.futeboldebotao.com/ Tive curiosidade de dar uma espiada no torneio, mas acabei não indo lá. Mas me parece que é levado a sério mesmo. Já estão anunciando o 1º. Nordestão em Caruaru.

Estes fatos me levaram a recordar nosso tempo de meninos da Avenida. O jogo de botão era uma das brincadeiras preferidas da gente e a que levavam mais a sério. Raros os que não tinham seu time, seus botões. Nossa regra era bem mais livre e específica do pessoal da Avenida, mas seguida a risca. A gente jogava até no chão ou em mesa de jantar, mas os mais dedicados tinham seu campo de botão, embora poucos possuíam aquela mesa totalmente apropriada, como a do Ricardo Peixoto, o nosso Maraca.

Os nossos botões eram de capa, daquelas de Humphrey Bogart, que se podia vestir dos dois lados, e a gente arrancava os botões de dentro do casaco de nossos pais, pra eles não perceberem, pois raramente usavam a capa, menos ainda os dois lados. Os botões eram também de vidro de relógio, de chifre de boi, feitos pelos presidiários de Maceió e Recife, e também de caco de côco. Estes feitos pela gente mesmo, ralando o caco no cimento da calçada. Alguns faziam verdadeiras obras primas. Valia um bocado no nosso mercado de botões. Os primeiros botões de plástico eram feitos com fichas de jogo de cartas, e para ficar mais altos colávamos duas delas com chiclete queimado. Depois chegaram os industrializados pela Estrela, com rosto de jogador de futebol no centro do botão.

A qualidade do botão era para a gente poder controlar, tocar, driblar, chutar, ajudava. Porém o que resolvia mesmo era a habilidade de cada um. Carlito que na geração dele era imbatível foi campeão com um time de botões de braguilhas. Depois vendia-os no mercado de botão a preço de Ronaldinho. Mas nas mãos de muitos estes botões se tornavam perna-de-pau. Carlito me deu uma vez um artilheiro, um botão de braguilha pretinho, chamado Baltazar. Comigo ele continuou artilheiro. Modéstia a parte, eu também era um dos bons.

Na geração do Carlito tinham outros craques como Rafael Perrelli, seu principal rival, com o time do Vasco. O botão Ademir era terrível. Quando Perrelli falava “coloque-se” pra ele chutar, o adversário tremia, certamente lá vinha um gol . Lizardo tinha um time de capa espetacular (ainda hoje ele guarda o time). Betuca, Paulo e Cuíca também entravam na parada.

A gente controlava o botão não com palheta como hoje em dia, mas com um pente. O preferido era da marca Flamengo, o comprido. Um lado era fino apropriado para tocar e outro grosso para chutar. Na minha geração, meu principal rival era o Cuca. Outro Vasco X Fluminense. Em jogo amistoso era pau a pau. Mas na vera, em torneio, campeonato, minha vantagem era muito grande. Eu fazia dois gols no começo do jogo e aproveitava o nevorsismo do Cuca. Quando eu pegava o pente fino para ficar controlando a bola, fazendo cera, ele prontamente começava a mastigar cotoco de vela, que usávamos para lustrar os botões. Final do jogo 2 X 0 , e nisso ele já tinha comido uma vela inteira. Nessa geração despontaram outros craques como Guilherme e Ricardo Braga, Luciano e Ricardo Peixoto, que tinha um time temido.

Ano passado Betuca fez um campo de botão de 1ª. linha para mim. Jogamos algumas vezes , mas o campo, agora, tá lá no quarto dos fundos mofando. Aproveito nosso Blog para mandar um recado à galera: vamos renovar nossa aptidão , e marcar aqui em Guaxuma um torneio de botão! E se a final for entre eu e Cuca, por favor, tirem os cotocos de vela de perto dele!

(Lelé – Março/2008)

domingo, 10 de fevereiro de 2008

CHEIA DO SALGADINHO por Paulo Ramalho

O Jornal Gazeta de Alagoas, publicou anos atrás, acredito que não cometi pleonasmo, uma foto que se encontrava no seu Baú de Imagens, relembrando as obras de mudança de curso e deslocamento da Foz do Salgadinho, que em 1949, a nova foz não agüentou a vazão da tromba d’água que castigou Maceió.

Morávamos bem próximo ao Salgadinho, na Avenida da Paz, e que apesar dos meus oitos anos, a citada foto, esta gravada nitidamente no baú do meu subconsciente.

A água chegou ao quintal de nossa casa, porém, como a diferença de nível da Rua Silvério Jorge, para a Avenida, em nossa casa, ela ia de uma rua a outra, era algo próximo aos dois metros, não nos causou maiores danos.

Lembro-me que um bêbado tentou atravessar pelo trilho do bonde que ficou pendurado, com o desabamento da ponte, não me recordo se conseguiu.

Ficamos isolados de Maceió, digo Maceió, porque naquela época, quem morava nessas imediações, na Pajuçara, Ponta da Terra, quando ia ao comércio no Centro, dizia que ia à Maceió.

A ponte da avenida era a única ligação para veículos, a outra era a ponte de ferro, destinada ao trem, localizada na Rua Buarque de Macedo.

Quando não vinha trem, o pedestre podia atravessar equilibrando no trilho, ou pelos dormentes.

Os bondes que ficaram na ponta da terra, paravam defronte a nossa casa, fazendo garagem a céu aberto.

Inicialmente a travessia era feita de canoa.

Mais tarde foi construída uma ponte estreita de madeira, para os pedestres. E tempos depois, uma ponte também de madeira, na Rua Silvério Jorge, para os veículos.

Havia quem arriscasse atravessar pela praia, quando o mar estava baixo, mas de vez em quando um atolava, e ficava até o mar encher, ai era desastre total.

Nessa época, nossa mãe estava internada na Santa Casa, operada de vesícula. Quando recebeu alta, foi de carro para a Estação Ferroviária Central, e de trem foi para a Estação de Jaraguá, e novamente de carro foi para casa.

A referida tromba d’água, provocou a queda da barreiRa no bairro do Poço, causando destruição e várias mortes, entre elas um tio avô, irmão de minha avó materna que lá morava, tirou a família, e voltou para ver como estava, foi quando a barreira caiu atingindo-o fatalmente, jogando-o para o outro lado da rua. Ficou tão deformado, que o filho somente reconheceu pela aliança.

Morava também uma tia, irmã de meu pai, que ela e o marido tiveram mais sorte, defronte morava Hélio Ramalho, o do cartório, nosso parente, que os tirou a tempo, apenas com as roupas que estavam vestidos, perderam tudo.

O tio que faleceu, era uma pessoa que quando acontecia qualquer anormalidade, ele procurava se inteirar, e saia pelas casas dos parentes, relatando tudo.

Como nossa mãe estava se recuperando de uma cirurgia, tentamos ao máximo esconder, porque ela gostava muito do tio.

Todavia ela disse, vocês estão escondendo alguma coisa, porque Tio Zé já deveria estar aqui contando o ocorrido, não tivemos outra solução, e contamos a verdade, digo

contamos, mas de fato, foram os irmãos mais velhos.