Fotografei as páginas manuscritas . Se tiverem comentários enviem prá mim, se conseguirem entender a letra, claro,,.

Clicando em cima da página (foto), ela aparece maior e nítida.
Depois é só
voltar com a seta <--.



No dia ll de fevereiro de 2001, foi conferido, in memorian, ao nosso pai Luiz Ramalho de Castro, a Comenda da Ordem do Pinto, no grau de cavalheiro, pelos serviços prestados à preservação de nossas raízes, assinada por Eduardo Silvio Sarmento de Lyra, Herman Braga de Lyra Júnior, Marcial Lima e Marcos Davi de Melo, os dois primeiros, primos por nosso lado materno.
Ele nasceu em Coruripe, no dia 05 de setembro de 1895, completaria 113 anos este ano, se vivo estivesse.
Foi casado com Benedita Prazeres de Castro, pai de onze filhos e trinta e seis netos.
Durante muitos anos de sua vida foi agente em Maceió, da Companhia Nacional de Navegação Costeira.
Folião nato dos carnavais de Maceió.
Foi sócio contribuinte do Clube de Regatas Brasil, parte social, Iate clube Pajuçara, Jaraguá Tênis Clube e sócio proprietário remido do Clube Fênix Alagoano, que o lançou primeiro Rei Momo do carnaval de Maceió, em 1958, tendo como rainhas, Nildinha Perrelli e Mailda Azevedo, e como vassalo Carlito Lima.
Nildinha, cunhada de nosso irmão Amaury, amiga irmã de infância, Mailda prima-irmã, filha de nossa tia Luzinete, irmã de nossa mãe, e Carlito Lima, amigo de infância e irmão por adoção.
Residia na Avenida da Paz número 1200, palco dos banhos de mar a fantasia que ocorria naquela época, no domingo que antecedia o início do carnaval, e aquele endereço era parada obrigatória da grande maioria dos blocos que desfilavam, principalmente dos grupos fantasiados, bastante comuns naquela época.
Participava de todos os bailes de carnaval dos Clubes que era sócio, às vezes formando bloco com os filhos, os sobrinhos e amigos.
Em um carnaval, nossa mãe Benedita, estava no Rio de Janeiro, e ele não queria perder o baile, idealizou uma fantasia, levando em uma das mãos, uma tabuleta com a inscrição:
“BLOCO EU SOZINHO, ANTES SÓ QUE MAL ACOMPANHADO”, e não perdeu a festa.
Era assim o saudoso e querido folião LUIZ RAMALHO.
Maceió, 27/03/2008.
Paulo Ramalho.
Semana passada rolou aqui em Maceió um torneio de Futebol de Mesa da regra chamada 12 toques. Esta regra é descrita no site de recomendação dos meninos no nosso Blog : http://www.futeboldebotao.com/ Tive curiosidade de dar uma espiada no torneio, mas acabei não indo lá. Mas me parece que é levado a sério mesmo. Já estão anunciando o 1º. Nordestão em Caruaru.
Estes fatos me levaram a recordar nosso tempo de meninos da Avenida. O jogo de botão era uma das brincadeiras preferidas da gente e a que levavam mais a sério. Raros os que não tinham seu time, seus botões. Nossa regra era bem mais livre e específica do pessoal da Avenida, mas seguida a risca. A gente jogava até no chão ou em mesa de jantar, mas os mais dedicados tinham seu campo de botão, embora poucos possuíam aquela mesa totalmente apropriada, como a do Ricardo Peixoto, o nosso Maraca.
Os nossos botões eram de capa, daquelas de Humphrey Bogart, que se podia vestir dos dois lados, e a gente arrancava os botões de dentro do casaco de nossos pais, pra eles não perceberem, pois raramente usavam a capa, menos ainda os dois lados. Os botões eram também de vidro de relógio, de chifre de boi, feitos pelos presidiários de Maceió e Recife, e também de caco de côco. Estes feitos pela gente mesmo, ralando o caco no cimento da calçada. Alguns faziam verdadeiras obras primas. Valia um bocado no nosso mercado de botões. Os primeiros botões de plástico eram feitos com fichas de jogo de cartas, e para ficar mais altos col
ávamos duas delas com chiclete queimado. Depois chegaram os industrializados pela Estrela, com rosto de jogador de futebol no centro do botão.
A qualidade do botão era para a gente poder controlar, tocar, driblar, chutar, ajudava. Porém o que resolvia mesmo era a habilidade de cada um. Carlito que na geração dele era imbatível foi campeão com um time de botões de braguilhas. Depois vendia-os no mercado de botão a preço de Ronaldinho. Mas nas mãos de muitos estes botões se tornavam perna-de-pau. Carlito me deu uma vez um artilheiro, um botão de braguilha pretinho, chamado Baltazar. Comigo ele continuou artilheiro. Modéstia a parte, eu também era um dos bons.
Na geração do Carlito tinham outros craques como Rafael Perrelli, seu principal rival, com o time do Vasco. O botão Ademir era terrível. Quando Perrelli falava “coloque-se” pra ele chutar, o adversário tremia, certamente lá vinha um gol . Lizardo tinha um time de capa espetacular (ainda hoje ele guarda o time). Betuca, Paulo e Cuíca também entravam na parada.
A gente controlava o botão não com palheta como hoje em dia, mas com um pente. O preferido era da marca Flamengo, o comprido. Um lado era fino apropriado para tocar e outro grosso para chutar. Na minha geração, meu principal rival era o Cuca. Outro Vasco X Fluminense. Em jogo amistoso era pau a pau. Mas na vera, em torneio, campeonato, minha vantagem era muito grande. Eu fazia dois gols no começo do jogo e aproveitava o nevorsismo do Cuca. Quando eu pegava o pente fino para ficar controlando a bola, fazendo cera, ele prontamente começava a mastigar cotoco de vela, que usávamos para lustrar os botões. Final do jogo 2 X 0 , e nisso ele já tinha comido uma vela inteira. Nessa geração despontaram outros craques como Guilherme e Ricardo Braga, Luciano e Ricardo Peixoto, que tinha um time temido.
Ano passado Betuca fez um campo de botão de 1ª. linha para mim. Jogamos algumas vezes , mas o campo, agora, tá lá no quarto dos fundos mofando. Aproveito nosso Blog para mandar um recado à galera: vamos renovar nossa aptidão , e marcar aqui em Guaxuma um torneio de botão! E se a final for entre eu e Cuca, por favor, tirem os cotocos de vela de perto dele!
(Lelé – Março/2008)
O Jornal Gazeta de Alagoas, publicou anos atrás, acredito que não cometi pleonasmo, uma foto que se encontrava no seu Baú de Imagens, relembrando as obras de mudança de curso e deslocamento da Foz do Salgadinho, que em
Morávamos bem próximo ao Salgadinho, na Avenida da Paz, e que apesar dos meus oitos anos, a citada foto, esta gravada nitidamente no baú do meu subconsciente.
A água chegou ao quintal de nossa casa, porém, como a diferença de nível da Rua Silvério Jorge, para a Avenida, em nossa casa, ela ia de uma rua a outra, era algo próximo aos dois metros, não nos causou maiores danos.
Lembro-me que um bêbado tentou atravessar pelo trilho do bonde que ficou pendurado, com o desabamento da ponte, não me recordo se conseguiu.
Ficamos isolados de Maceió, digo Maceió, porque naquela época, quem morava nessas imediações, na Pajuçara, Ponta da Terra, quando ia ao comércio no Centro, dizia que ia à Maceió.
A ponte da avenida era a única ligação para veículos, a outra era a ponte de ferro, destinada ao trem, localizada na Rua Buarque de Macedo.
Quando não vinha trem, o pedestre podia atravessar equilibrando no trilho, ou pelos dormentes.
Os bondes que ficaram na ponta da terra, paravam defronte a nossa casa, fazendo garagem a céu aberto.
Inicialmente a travessia era feita de canoa.
Mais tarde foi construída uma ponte estreita de madeira, para os pedestres. E tempos depois, uma ponte também de madeira, na Rua Silvério Jorge, para os veículos.
Havia quem arriscasse atravessar pela praia, quando o mar estava baixo, mas de vez em quando um atolava, e ficava até o mar encher, ai era desastre total.
Nessa época, nossa mãe estava internada na Santa Casa, operada de vesícula. Quando recebeu alta, foi de carro para a Estação Ferroviária Central, e de trem foi para a Estação de Jaraguá, e novamente de carro foi para casa.
A referida tromba d’água, provocou a queda da barreiRa no bairro do Poço, causando destruição e várias mortes, entre elas um tio avô, irmão de minha avó materna que lá morava, tirou a família, e voltou para ver como estava, foi quando a barreira caiu atingindo-o fatalmente, jogando-o para o outro lado da rua. Ficou tão deformado, que o filho somente reconheceu pela aliança.
Morava também uma tia, irmã de meu pai, que ela e o marido tiveram mais sorte, defronte morava Hélio Ramalho, o do cartório, nosso parente, que os tirou a tempo, apenas com as roupas que estavam vestidos, perderam tudo.
O tio que faleceu, era uma pessoa que quando acontecia qualquer anormalidade, ele procurava se inteirar, e saia pelas casas dos parentes, relatando tudo.
Como nossa mãe estava se recuperando de uma cirurgia, tentamos ao máximo esconder, porque ela gostava muito do tio.
Todavia ela disse, vocês estão escondendo alguma coisa, porque Tio Zé já deveria estar aqui contando o ocorrido, não tivemos outra solução, e contamos a verdade, digo
contamos, mas de fato, foram os irmãos mais velhos.