segunda-feira, 5 de maio de 2008

DIOCESANO por Carlito Lima



Somos o produto do meio, de nossa educação, de nossa gênese. Cinco instituições básicas tiveram maiores influências em minha formação: 1-Minha família, 2-As ruas e praias de Maceió da minha infância livre e solta, 3- O Colégio Diocesano, 4- O Exército Brasileiro e 5-A Boemia. Embora um tanto rebelde e contestador como todo jovem, aprendi muito com os ensinamentos e caminhos mostrados por essas entidades que fazem parte de meu ser.
Uma delas, O Colégio Diocesano, completa nesse ano da graça de 2005 seu centenário. Meu amigo Petrúcio Codá enviou-me um e-mail acerca do Colégio dos Irmãos Maristas, no qual tomo um bigu.

Na abertura das aulas do 1º ano colegial, em 1955, o “lente” da turma, Irmão Bráulio, lembrou a todos alunos, que aquele ano era um ano de glória, pois o Colégio Diocesano completava 50 anos de fundação. Muitas festas estavam programadas inclusive uma passeata, um desfile militar pelas ruas da cidade como parte da comemoração do cinqüentenário. Os candidatos para a banda marcial deviam procurar o Irmão Rodolfo. Tocar na banda era privilégio, principalmente naquele ano de festas. O Diocesano voltaria a desfilar também no dia da Emancipação Política de Alagoas, dia 16 de setembro. Havia 4 anos que nosso colégio não desfilava nessa parada, o que muito entristecia os alunos.
Afinal houve os primeiros ensaios da banda com alguns alunos voluntários, hoje figuras conhecidas das Alagoas: Petrúcio Codá, Betuca Lima, Oscar
Cunha, Geraldo Bulhões, João Sampaio, Breno Cansanção (Arroz Doce) entre outros. Havia também o João Paulo, filho do Coronel Bina Machado comandante do 20º BC, que destacou um cabo corneteiro para ensaiar a banda. Nos primeiros ensaios, o Irmão Rodolfo, acompanhou de perto todos os treinamentos, e fez uma recomendação peremptória, com ameaças de expulsão:
- “Quero avisar aos compone
ntes da banda marcial, que está terminantemente proibida de tocar, quer nos ensaios, quer no dia do desfile, o dobrado conhecido vulgarmente como “Cortar Cebola”.
Foi uma enorme frustração para os componentes da banda, verdadeiros artistas dos dobrados militares, que tinham o “Cortar Cebola” entre os melhores dobrados: Alvorada, Major Gastão, Floriano Peixoto, e outros tantos . O “Cortar Cebola” era preferência dos estudantes, músicos, do fã clube feminino e do povo de Maceió. Fácil de aprender, de executar, bonito, vibrante, e era o único que podia ser cantado. Exatamente por isso o belo dobrado foi proibido. Um autor anônimo colocou uma letra que caiu na aceitação popular e era cantado nos quatro cantos da província de Maceió quando iniciava a segunda parte do dobrado:
“Eu fui pra mata...Cortar cebola...Errei a faca...e cortei a rola....”
Os componentes da banda fizeram pressão, pediram, suplicaram. Não adiantou. Não conseguiram tocar o dobrado “Cortar Cebola” nem nos ensaios.
Naquele ano o uniforme do Colégio Diocesano teve uma radical e moderna mudança, coisa de vanguarda: Foi adotado como uniforme a calça “sem cinto” em tropical azul marinho. Era o famoso “cós argentino”, a grande e censurada novidade da moda masculina na época. Completava uma camisa branca com um escudo, sapatos pretos e um casquete estilo Fuzileiro Naval no mesmo tecido da calça.
Assim o Diocesano desfilou garbosamente nas ruas centrais de Maceió no dia de seu cinqüentenário, 6 de junho de 1955. Houve várias festas, come
morações, palestras, competições. A prática do esporte no Diocesano era incentivada. Nas tardes havia o campeonato de futebol entre as classes. O campo era o enorme pátio com oitizeiros que faziam parte da jogada, a bola podia bater nas árvores ou nos muros laterais continuava o jogo, era como bola na trave.
Petrúcio Codá termina seu email fazendo um apelo, uma sugestão:
“Que nas comemorações do centenário se promova um desfile comemorativo e que nós, velhinhos transviados da década de 50, possamos também participar, quem sabe formando o pelotão “Cortar Cebola”. Aproveitaríamos para homenagear o antigo Diocesano, suas tradições, seu corpo docente. Saudar os Irmãos do cinqüentenário: Rodolfo, Luis Pascal, Luis Barreto, Eugênio, Silvino, Bráulio, entre outros.
Só assim mataríamos a saudade do velho casarão da Rua do Macena. Dos oitizeiros do campo de futebol. Do porteiro Seu Luis Camões.
Dos livros didáticos da Editora FTD. Das canetas-tinteiros marca Esterbook. Do terço rezado diariamente às nove da manhã em todas as salas de aula. Da benção do Santíssimo rezada pelo padre Hélio na última sexta-feira do mês. Do Canto Orfeônico. Do jogo de espiribol. Das missas aos domingos. Da Cruzada Infantil. Da Congregação Mariana. E de tantas cousas boas e salutares daqueles tempos.”
Concordo com o Petrúcio e acrescento: Das paqueras no Colégio São José e Sacramento. Dos recreios. Das ximbras e piões. E as histórias do Museu, hein?
Ficam as sugestões para a comissão organizadora do centenário. Alguns ex-alunos estão se movimentando como Glênio Guimarães, Jaime de Altavila. Participei do cinqüentenário, quero celebrar o centenário do Diocesan
o/Marista, celeiro de muitas cabeças coroadas das Alagoas.

P.S.1- Quem tiver histórias do Diocesano-Marista favor me enviar por email ou 99810199.
P.S.2 – Na foto cinqüentenária(27/10/55) gentilmente cedida por Marinalva Lima, viúva do saudoso cirurgião plástico José Costa Lima: 1ª Fila: Fernando Tourinho,Odon Cedrim, Adalberto Câmara, Jarbas Cerqueira, Chico Reis, Roberto Von Sósthenes. 2ª Fila: Afrânio Lages, Alberto Carnaúba, José Lima, Renato, Leonardo, Geraldo Lima, Otávio, Emerson, Cleomenes. 3ª Fila: Carlito, Ayrton Lessa, Mauro Jorge, Pascoal Savastano, Hamilton Bahia, José Rocha, Nery Fireman, Nilson Cerqueira. Sentados (os peixinhos do Irmão): Nilson Lira, Ib Santiago, Denis Barbosa, Irmão Bráulio, João Almeida, Jadson, Manilton Calumby. Faltaram: Carlos Fortes e Edmilson. Notar as calças “sem cinto”.
P.S.3- Amanhã 27 fev, como todo bom menino, estarei comemorando meu aniversário, 65 aninhos. No Acarajé do Alagoinha, praça Gogó da Ema, a partir das 10 horas receberei os amigos para uma cerveja com acarajé.
P.S.4- Participem da campanha de fomento à leitura: “Dê livro (nem que seja do sebo). Um presente para toda vida.”

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