A paz não era apenas no nome como nos dias de hoje, era
realmente o grande momento de paz e felicidade que se vivia naquela época, pois morávamos na casa de nº 1200 da avenida acima citada.
Nossa mãe era natural de União dos Palmares, e nós passávamos
um mês no meio, e três no final e início do ano, em uma fazenda naquele
município, pois assim era o período de férias naquele tempo.
Fazíamos a viagem de trem, e quando chegávamos de volta a
Estação Ferroviária de Maceió, o carregador pegava nossas malas e levava até
nossa casa, e não havia necessidade de acompanhá-lo.
A nossa irmã Ângela, a oitava de cima para baixo, já casada
voltou a morar conosco, seu filho primogênito, Geraldo Luiz, nascido no dia 13
de setembro de l961, que herdou o primeiro nome do pai, e o segundo dos avós,
acredito que ao redor de seus dois anos de idade, muito traquino que era,
encontrou os portões da casa abertos, foi para rua.
Quando estava atravessando a rua, foi visto por um motorista
de carro de praça, naquela época não havia taxi, conhecido pelo apelido de
Bagre, que estacionou o carro, segurou Geraldo Luiz, colocou-o em seu braço e
foi levá-lo em nossa casa, pois nossos pais usavam com relativa freqüência o
seu carro.
Hoje ele seria atropelado ou raptado.
Estes fatos, do carregador e do motorista, bem caracterizam a
paz que vivíamos naquela época.
Não me recordo qual era a praça do carro do Bagre, se no
oitão da Igreja do Livramento, ou se no início da rua Moreira Lima, defronte a
Igreja do Rosário.
Além das duas praças citadas, havia uma ao lado do Cine
Ideal, próximo ao Mercado Público, e outra na Praça Palmares, conhecida também
como Praça do Relógio, onde havia um bar com esse nome, bem freqüentado pelos boêmios.
Também era próxima ao Hotel Bela Vista, que tinha ao lado uma
linda casa que pertenceu ao marido de uma tia avo, grande comerciante da época.
Tanto o hotel como a casa, eram de uma arquitetura belíssima, e foram vítima da
insensatez de nossos dirigentes, que permitiram ou fizeram vista grossa a
demolição daquelas obras de arte da arquitetura e engenharia, que deveriam
permanecer em pé para orgulho de nós alagoanos, e ponto de visitação turística,
a exemplo do prédio da Associação Comercial, em Jaraguá.
Tivemos um engraxate que me acompanhou desde menino de calça
curta na avenida, casei fui morar na Pajuçara e depois no Farol, e ele toda
semana ou a cada quinze dias ia engraxar os nossos sapatos.
Indiquei a alguns parentes e a amigos, e ele ia
frequentemente a casa de todos, seu nome era Joventino, mas eu o chamava de
Guerreiro, pois ele gostava muito da dança e fazia parte de um grupo de
guerreiro.
No final do ano ele aparecia no início do mês de dezembro,
deixava os sapatos nos trinques para o final do ano, recebia suas festas e
somente voltava no ano seguinte, pois sempre viajava com seu grupo de dança
para outros estados, inclusive Brasília.
Quando tinha um sapato que queria mudar de cor, ele levava
para sua casa, pois era um trabalho mais demorado, trazia de volta quando
ficava pronto, e não sabíamos onde ele morava.
Os sorveteiros da época nos vendiam sorvete ou picolé na
praia ou na avenida, e como não andávamos com dinheiro, depois iam receber em
nossas casas.
Há tempo bom!!!
Hoje saímos de casa sem saber se vamos voltar, tal está a violência.
Vivemos sempre preocupados com os nossos filhos, netos, entre
outros parente e amigos.
Escrevo isso porque sou vítima dessa violência maldita e
covarde, provocada e incentivada pelos poderes constituídos de nosso País,
principalmente de nossa Alagoas e de nossa querida Maceió.
Tanto é que não temos a quem e de nada adianta apelar.
Os recursos são para as maracutaias restando muito pouco ou
quase nada para saúde, educação, segurança, entre outras, a prova está aí
patente.
Temos uma grande prova do descaso em nossa avenida, onde
deságua o antigo Riacho Salgadinho, onde tomávamos banho, pescávamos e
andávamos de jangada de tronco de bananeira por nos fabricada, e hoje um
vergonhoso esgoto a céu aberto, em pleno Século XXI, poluindo a praia que já
foi uma das mais belas do litoral alagoano, e a mais freqüentada, em função de
sua localização, praticamente no centro da cidade.
Será que nós antigos “Meninos da Avenida”, na idade que nos encontramos, teremos a
felicidade e o prazer de ver voltar o Riacho Salgadinho, e tomar um banho em
nossa querida praia da Avenida ?
Só Deus sabe.
Paulo Ramalho
Junho/2012
3 comentários:
Pois eu sei Paulo, quando nós vamos voltar a tomar banho no Salgadinho:NUUUUUUUUUCA!... antes disso, vai ser mais fácil o Hitler aparecer preso numa favela do Rio de Janeiro, ou na Cinelândia vendendo baseado.
paulo não fui frequentador assiduo da avenida da paz pois morava em penedo e quando vinha até a nossa maceio ficava na casa de meu tio e algumas das vezes que estive aqui cheguei a tomar banho nas aguas cristalinas do riacho salgadinho em companhia do meu conterraneo e amigo ricardo peixoto.
já que não tenho conta nenhuma para me identificar moro no aptº303
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