Uma construção vitoriosa e fecunda: - uma prece ao voluntarismo por Murillo Mendes
No último dia
quatro, como sempre, na primeira sexta-feira do mês, reuniram-se os Meninos da
Avenida, em seu habitual almoço, no Clube Fenix Alagoana; desta feita, também,
para homenagear, em sua breve estada entre nós, o vitorioso companheiro Alberto
Cardoso, pela passagem de seu aniversario natalício. Foi uma amorável festa de
confraternidade. O Alberto, como obvio, foi o vértice de nossos afetuosos
sentimentos, sujeito ativo de muitos causos e de outras indeléveis lembranças
que marcaram o passado comum a todos nós, os que, ali, estávamos. Como num
passe de mágica, de repente, contagiados pelas afinidades e afetividades que
nos mantêm unidos, todos nós nos convertemos em alegres e festivos
adolescentes, como outrora, vivos e buliçosos, não obstante o inexorável fluir
do tempo.
Sou, na realidade, nascido e criado
na Praça Raiol; nela, afetado por sua aura mágica, fiz-me gente. Vizinho parede
meia da Avenida da Paz, considero-me um avenidense autentico; pois, foi lá, no
uso e gozo diário de sua encantadora praia e em seu aconchegante e ensolarado entorno
que fiz meu teatro de lazer, meu saudável viveiro, minha versátil praça de
esportes. Um quase autóctone, como tantos outros, que cultua as amizades
construídas no idos da juventude, que exalta o convívio fraterno e os valores
da vida em família.
Lembro-me
de quando, vivendo esse ideário, fecundando consciências, um grupo de raiolinos
criou um ambiente propício à vida comunitária organizada, florescente na
instituição da Confraria da Raiol. Hoje, ela tem vida cartorial, é pessoa
jurídica de direito privado e reconhecida, através de Lei Municipal, como
entidade de utilidade pública. Esta é, assim, uma exuberante experiência, que
nos parece válida, oportuna e útil, ao valorizar o esforço comum, a
participação de todos e de cada um, ajudando-nos a superar o individualismo
prepotente, para estabelecer, entre nós, um clima verdadeiramente familiar.
Pois bem, a Confraria da Raiol é
essa auspiciosa possibilidade que se abre para a descoberta e avaliação dos
talentos de cada um de seus integrantes, para que se dê, ou se amplie o sentido
da vida solidária e fraternal; para que se tenha, ou se fortaleça a esperança
de felicidade, acordando nossa consciência para os compromissos com uma vida
social mais justa e equidosa. Em síntese, um amorável veículo de renovação para
a nossa convivência, um reiterado exercício, racional e inteligente, para bem
enfrentarmos os desafios da vida, para superar nossas limitações, para as
correções de nossos rumos, para exaltar a concórdia e fortalecer nosso conviver.
Nossos primeiros tempos (raiolinos e
avenidenses, também) evidentemente passaram; com eles, necessariamente, passou
nossa adolescência e nossa juventude – enquanto fluxo inestancável do existir;
mas, suas emoções e sentimentos, nossas valiosas experiências ficaram em nós,
ínsitas em cada um de nós, como nosso encantado tesouro, nossa energia e nossa
couraça. Nelas, nos inspiramos e somos alegres e felizes; nelas, nos
reguardamos das armadilhas da vida, fortalecendo-nos para ultrapassar o amargor
de inarredáveis inconsequências, de afoitas imprevidências. O certo é que nossa
existência, que queremos válida, sem fronteiras mesquinhas e sem limites
menores, fez-se em veículo do livre pensar e do agir livremente, do poder
discernir e ser responsável.
Nessa tarefa construtiva, expressando
o voluntarismo com que viabilizamos nossa receptiva Confraria, amparei-me sob o
pálio de invocação que compus e adotei como norte: Fogo abrasador da comoção/
que habita meu coração/ chama eloquente, flamejante/ mantém-te em mim, acesa/
viva, permanente.../ aquece meu corpo/ purifica minha mente/ ilumina meus
caminhos/ orienta meus afetos/ encoraja minhas forças/ disciplina meus
intentos/ faz-me irmão de meus irmãos/ ** Sol purificador da existência/ seiva
da fraterna convivência/ alimento dos que têm a vida/ dos que a vivem
dignamente/ faz-me consequente/ intrépido, valente.../ solidário combatente/
das nobres causas/ desses justos e pacíficos ideários/ dessa profética aliança/
dela, faz-me operário.../ seu intimorato voluntário.
O JORNAL - 8 de maio 2012
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