Caro Waldo
Final da década de 50, acho que 1958, caçada de marrecos e paturis no Gregório com Rafael Perrelli, Alberto e Waldo, tendo seu Maximiano o velho morador da propriedade com vivencia grande na região.
Fizemos a incursão na 1ª lagoa no entardecer do sábado e preparamos tudo para o amanhecer do domingo. Não esperávamos que a noite fosse de terror, com aqueles objetos piscando e pousando nas baronesas a cerca de 1 km da casa grande, e depois subindo verticalmente sem barulhos que identificasse qualquer tipo de aeronave por nós conhecida e sobre nossas cabeças cruzou os céus.
Amedrontados com espingardas em punho, discutíamos se deveríamos ir ao encontro dos tripulantes ou se entravamos na casa grande e fechávamos as portas, após ouvir do velho e experiente Maximiano que em toda sua vida nunca tinha visto nada semelhante.
Depois de colocarmos na boca de Rafael o apito de chamariz de marrecos enquanto o mesmo tentava dar um cochilo no ventilado terraço, o mesmo acordou-se inteirou-se do assunto e também ficou na dúvida se pegaríamos uma lanterna e armados íamos até o local ou simplesmente entravamos para a casa.
O silencio se deu até tarde da noite até que a aeronave acendeu as luzes subiu na vertical e sem qualquer barulho passou em cima da casa grande com altura de cerca de 200m e se mandou.
Não sei porque , dias depois jornalistas no coreto , eu batendo um racha, me chama e pergunta se posso dar entrevista sobre discos voadores , confirmando a versão de Perrelli, quando de maneira simples e sem querer me envolver, disse que procurasse Waldo que detinha todas as informações e era o dono do Gregório.
Waldo, são passados somente 50 anos e acho que estou de memória contribuindo demais com a sua própria versão. Aguardo a sua versão oficial para entrar no Blog dos Meninos da Avenida.
Abraços Alberto
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Fotos encontro de 8-janeiro-2009 - PICUI
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
PINTO NA LATA - Humberto Gomes de Barros (*)
“Menino é bicho malvado”, dizia o sábio Antônio Luiz, barraqueiro da Usina Santa Amália. Essa sentença não traduzia desamor para com as crianças. Exprimia simplesmente a observação de que, por falta de experiência, as crianças não conseguem assumir a posição de quem sofre.
A lembrança de fato acontecido em minha infância convenceu-me de que o velho filósofo estava certo: a título de curiosidade, meu amigo Zé Benedito e eu colocamos uma lata vazia sobre um frangote, apanhado no terreiro; consumada a prisão, apanhamos dois tarugos de madeira e tamborilamos por algum tempo sobre o fundo da lata transformada em prisão; terminado o batuque, levantamos a lata; vimos a pequena ave, aos tropeços, sem prumo nem rumo; mais parecia um bêbado, em estágio precomatoso. O sofrimento do animal, não gerou compaixão; pelo contrário, fez-nos rir às gargalhadas.
Hoje, enxergo com reserva o teorema de Antônio Luiz. Não o considero errado, mas demasiadamente restritivo. Para mim, correto seria dizer que “o homem é bicho malvado”.
Uma circunstância atual me trouxe a essa convicção. Consideradas as devidas proporções, a experiência do pinto na lata está sendo repetida em escala infinitamente maior e mais cruel.
Desde dezembro último, os jornais dedicam amplas manchetes a um fato horripilante: o exército de Israel – o mais bem preparado e equipado do mundo – cercou, em exígua faixa de terreno semideserto, um milhão e meio de seres humanos desarmados e indefesos.
A seguir, decretou o mais absoluto embargo de água, alimentos, calefação, medicamentos e assistência médica. Num requinte de maldade, nega às pessoas encurraladas a possibilidade de fugir.
Consumado o cerco, o portentoso exército passou a despejar por terra, mar e ar milhares de bombas, algumas, de fragmentação. Mulheres, crianças, velhos e civis inocentes, são exterminados indiscriminadamente. A desesperadora situação em que se encontra esse milhão e meio de criaturas consegue ser pior que aquela em que se encontrava o infeliz galináceo torturado por mim.
O Holocausto a que está submetido o povo, na Faixa de Gaza é certamente tão cruel e covarde quanto aquele praticado no gueto de Varsóvia. Os sionistas, vítimas do nazismo, revelam-se tão cruéis quanto seus algozes.
O gueto de Gaza convenceu-me: malvado mesmo é o bicho-homem.
(*) É escritor e ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça/STJ.
(GAZETA DE ALAGOAS - OPINIÃO - 14/JANEIRO/2009)
A lembrança de fato acontecido em minha infância convenceu-me de que o velho filósofo estava certo: a título de curiosidade, meu amigo Zé Benedito e eu colocamos uma lata vazia sobre um frangote, apanhado no terreiro; consumada a prisão, apanhamos dois tarugos de madeira e tamborilamos por algum tempo sobre o fundo da lata transformada em prisão; terminado o batuque, levantamos a lata; vimos a pequena ave, aos tropeços, sem prumo nem rumo; mais parecia um bêbado, em estágio precomatoso. O sofrimento do animal, não gerou compaixão; pelo contrário, fez-nos rir às gargalhadas.
Hoje, enxergo com reserva o teorema de Antônio Luiz. Não o considero errado, mas demasiadamente restritivo. Para mim, correto seria dizer que “o homem é bicho malvado”.
Uma circunstância atual me trouxe a essa convicção. Consideradas as devidas proporções, a experiência do pinto na lata está sendo repetida em escala infinitamente maior e mais cruel.
Desde dezembro último, os jornais dedicam amplas manchetes a um fato horripilante: o exército de Israel – o mais bem preparado e equipado do mundo – cercou, em exígua faixa de terreno semideserto, um milhão e meio de seres humanos desarmados e indefesos.
A seguir, decretou o mais absoluto embargo de água, alimentos, calefação, medicamentos e assistência médica. Num requinte de maldade, nega às pessoas encurraladas a possibilidade de fugir.
Consumado o cerco, o portentoso exército passou a despejar por terra, mar e ar milhares de bombas, algumas, de fragmentação. Mulheres, crianças, velhos e civis inocentes, são exterminados indiscriminadamente. A desesperadora situação em que se encontra esse milhão e meio de criaturas consegue ser pior que aquela em que se encontrava o infeliz galináceo torturado por mim.
O Holocausto a que está submetido o povo, na Faixa de Gaza é certamente tão cruel e covarde quanto aquele praticado no gueto de Varsóvia. Os sionistas, vítimas do nazismo, revelam-se tão cruéis quanto seus algozes.
O gueto de Gaza convenceu-me: malvado mesmo é o bicho-homem.
(*) É escritor e ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça/STJ.
(GAZETA DE ALAGOAS - OPINIÃO - 14/JANEIRO/2009)
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