segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

OS MENINOS DA AVENIDA DA PAZ por Fátima Almeida (repórter)

Houve um tempo em que a vida, em Maceió, girava no entorno da Praia da Avenida. Por lá foi instalado o Porto de Maceió, reforçando o crescimento da indústria canavieira; por lá cresceram o centro comercial e a povoação da cidade, com grandes casarios e palacetes. Cadeiras nas calçadas, famílias conversando, crianças brincando na rua ou na areia da praia, crescendo e sonhando com os embalos do Clube Fênix Alagoana.


Naquele tempo, nas décadas douradas de 50 e 60, a Avenida da Paz era o “point” da juventude de Maceió. Jatiúca não existia e a Pajuçara era apenas um projeto de expansão urbana à beira-mar.

Todo mundo descia para a Avenida em
busca de lazer – fosse para se aventurar nas casas noturnas do Jaraguá; para apreciar o pôr-do-sol no coreto; ou, simplesmente, para curtir o clima da praia ou um simples e refrescante banho de riacho.

Riacho? “Isso mesmo. Naquela época, o riacho Salgadinho, que hoje arrasta a poluição até a praia, chegava limpinho no seu encontro com o mar. E o banho, depois da praia, do futebol, era delicioso”, recorda Américo Peixoto Lima, o Lelé Lima, um dos meninos que cresceram naquela avenida, onde, apesar do burburinho, também moravam a tranquilidade e a paz.

As brincadeiras que ficaram no passado

No dia da entrevista, os “meninos” também não conseguiram se apossar do coreto, como faziam antigamente. Havia outros inquilinos no local – moradores de rua, alheios à movimentação daqueles antigos “donos” do pedaço.
Mesmo assim, Lelé, o mais revolucionário da turma – que chegou a ser preso na época da ditadura militar – avisa: “Esse coreto era fundamental nas nossas brincadeiras. Ele é especial e faz parte da nossa vida. Já tiraram quase todas as características da nossa Avenida da Paz. Se inventarem de tirar o coreto, a gente vai intervir e acampar aqui na frente para impedir”.

Como os novos moradores não abriram “as portas”, o jeito foi mesmo conversar e fazer as fotos ali mesmo, na praça, ao lado do coreto.

“Tiraram até a paisagem. O coreto foi feito para apreciar a praia, o mar. Mas hoje tem esse monumento – Memorial da República –, colocado bem aqui de maneira absurda”, reclama Lelé, olhando para o poente. “Ainda bem que não podem tirar o sol”.

A liberdade da adolescência

Mas eles não foram meninos a vida inteira. Cresceram e conheceram as “madrinhas”, responsáveis, na época, pela iniciação sexual dos garotos.

Uma delas ficou guardada na lembrança desses meninos. “A Nega Odete foi a primeira mulher a se libertar em Maceió. Era uma mulher livre, fazia o que queria. Todos os dias, ela escolhia um estudante para amar, livremente, na areia da praia. E não cobrava nada por isso”, contam eles, quase que numa só voz.

Até com ela, hoje com mais de 80 anos, os “meninos” conseguiram restabelecer contato. Há uma semana, Odete mandou um recado: um pedido de ajuda financeira para uma cirurgia. Arrecadaram o dinheiro entre eles e mandaram. “Pelo menos 50 anos depois, estamos pagando pelos serviços prestados na juventude”, brincam eles, entre si.

Mas eles lembram, também, os cabarés da época – a boate Areia Branca, do famoso Mossoró, que, apesar de localizada fora do circuito da Avenida da Paz, era bem frequentada pela juventude da época – e as boates de Jaraguá.

Como “azeite” para a vida adulta, contos de memórias

Veio também a vida adulta, a profissionalização, o casamento, a família, e os meninos se separaram. Cada um seguiu seu rumo, até o reencontro, há quase 10 anos, e, desde então, mesmo os qu
e moram distante estabelecem contato, colocando “azeite” na velha e boa amizade.

“Esse livro traz parte da história de Maceió, contada por pessoas que viveram essas histórias. Fala de como viviam as pessoas, de como era a cidade na época, dos verdadeiros valores que a gente cultivava, como a amizade e a alegria de viver”, diz Paulo Ramalho.

“É um tributo à amizade, recheado de fatos que fazem parte da história da cidade, das memórias de um tempo que não volta mais; de uma parte da cidade que teve seus anos de glória, no entorno da Avenida da Paz. Podemos dizer que vivíamos no paraíso, e que o nosso compromisso era com a felicidade. Fizemos e vivemos muitas histórias”, diz Américo, destacando que muitos dos “meninos” ficaram de fora dessa edição, e muitos ainda querem contar outras histórias.

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FOTOS DE AILTON CRUZ (fotógrafo Gazeta de Alagoas)

GAZETA DA ALAGOAS - 25 de dezembro de 2011 - DOMINGO

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

1o. BEIJO DE CACÁ DIEGUES FOI NO CORETO DA AVENIDA

Viajando de Maceió para o Rio deparei-me, na revista da GOL, com uma reportagem AMOR por Maceió, com Cacá Diegues. Ele escolhe a Avenida da Paz como a principal visita de Maceió, porque foi no coreto1ue ele deu seu primeiro beijo. Também isso aconteceu comigo, um dos primeiros beijos namorando sentado no pequeno degrau do coreto. Podemos concluir então que o coreto era afrodisíaco, e infelizmente não botamos isso no nosso livro. Hoje o local é broxante graças aos nossos honrados administradores públicos.
Abaixo a reportagem (clique na figura para aumentar).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

DÁDIVAS E PRENDAS NATALINAS: - CELEBRAÇÕES, CULTOS E TESTEMUNHOS por Murillo Mendes

1. Na última sexta-feira, fez-se em realidade luminosa, um encantador livro de relatos e de experiências, colhidos ao longo de uma época imorredoura que, ainda, se expande, impregnando a alma de quantos a desfrutaram na varando atlântica da Avenida da Paz, sob o pálio da estima e da verdadeira amizade. Uma construção literária que exalta uma adolescência/juventude forjada sem a rigidez de regras draconianas e castradoras; consumada em liberdade, embora obediente e em harmonia com os postulados familiares então vigentes, que não os oprimia, imobilizando-os.

“Meninos da Avenida”, o livro aqui festejado, expressa a saga da formação de jovens adolescente, o eco de sua felicidade, o companheirismo ousado e fértil que consagrou um logradouro e que destaca a felicidade de uma época em que se fizeram prontos para os enfrentamentos existenciais. Trata ele, na verdade, do breviário avenidense; uma narrativa compartida, coletiva por excelência, de fatos acontecidos, semeados e germinados no terreno alvissareiro da juventude, cujos frutos, agora maduros e saborosos, são colhidos para transformarem-se em livro, para perpetuá-los, evitando que se percam nos desvãos imperscrutáveis do tempo passado.

Não se trata, pois, de um livro fantasioso que alberga situações irreais, ou refere-se a pessoas imaginárias; nele, estão narrados fatos reais, experiências de pessoas vivas que se nutriram em uma aura benfazeja, para se converterem em cidadãos válidos e operantes. Os meninos que habitaram a Avenida da Paz e adjacências, como, de resto, os jovens contemporâneos que amavam a vida, não viam o mundo em que estavam inseridos como algo estático, completo e acabado; sabiam, de modo empírico, é bem verdade, como corolário de seu inato sentido de completitude, que teriam de lutar pelo seu aprimoramento, pela elevação de sua justeza e de sua equidade; para fazê-lo mais fraterno e feliz, aberto a todos, acolhedor de todos...

Contando estórias, relatando experiências juvenis, “Os Meninos da Avenida” fortalece, em todos nós, a certeza de que a felicidade existe e é possível... E nos ensina que, para desfrutá-la, não precisamos de muito; basta que saibamos colocá-la ao alcance de nossas possibilidades. E, assim, eles fizeram e está registrado na autenticidade de seu livro. Parabéns, avenidenses! A lição é edificante e a festa que lograram realizar foi inspiradora e emocionante.

2. No sábado recém-passado, ainda em comunhão com a mágica natalina, significando uma simbiose perfeita e amena, edificada por jovens briosos, nos altiplanos do Farol, realizou-se o Encontro de Confraternização do Palmeiras, com a presença de mais de meia centena de seus sempre joviais integrantes. Foi, por assim dizer, uma festa de celebração à harmonia entre pessoas, à estima entre companheiros que se mantêm unidos e solidários, afetuosos. Mas, também, evocativa de um culto à interação entre o ser humano e a natureza, justo que se materializou no entorno lagunar, emoldurado por sua inspiradora paisagem.

Foi, em sua concretude, uma majestática exaltação aos sentimentos que agregam e elevam, uma comemoração que nos distinguiu e marcou, enquanto seres inteligentes. A alegria tomou conta de todos, criando um ambiente verdadeiramente fraternal. Nele, foram compartidas as amenidades que povoaram a afortunada juventude palmeirense; lembrados e enobrecidos os tempos criativos que a fizeram operante e válida. Na verdade, essa comunidade sabia o que queria; sabia somar-se em aliança, para não se deixar afetar pelo áspero do egoísmo avassalador. Enfim, uma contagiante reunião festiva e luminosa.

3. No crepuscular desta crônica, cumpre-me o elogio à juventude raiolina que vivi, intensa e plenamente, no território livre da Praça Raiol. Expresso-a na abordagem poética que segue:

Juventude na Raiol: Um tempo já distante/ Aos nossos olhos/ Tão bem vivido/ Tão bem haurido/ Ainda íntegro, constante/ Em nosso espírito / / Tempo inovador, eloqüente/ Singular, construtivo/ Convergente/ Ainda vivo em nós.../ Felizmente / / Por isso,/ Fulcro de nossas emoções/ Reverenciado, presente/ Em nossos corações/ Jamais esquecido/ Descartado ou ausente/ credo de nossas celebrações / / Tempo alentador, querido/ Embora decorrido/ Não se fez ido/ Na seletiva corrida/ Na inclemente luta da vida / / Halo renovador/ Força incontida, ardor/ Energia inesgotável, criativa/ Substância essencial da vida/ Ínsita em todos nós/ Aureolando nossa diuturna lida.

O JORNAL - 20-12-2011

sábado, 3 de dezembro de 2011

ENCONTRO DEZEMBRO 2011 - no BARROCO


Encontro no Restaurante Barroco - sexta dia 2-dezembro-2011 Tonho, Cuca, Betuca, Carlito, Lelé, Ricardo, Guilherme, Waldo, Paulo, Quico, Mané Ramalho, Eurico, Aderbal Jacaré.
Foi distribuído um exemplar para cada participante do livro MENINOS DA AVENIDA. (1a. tiragem)